"Não vou abrir contra o crime", diz Camilo

Governador responde à intimidação do crime organizado em tom forte; PF e MP também auxiliam investigações

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: Na noite da última segunda-feira (4), treze quilos de explosivos foram achados em um veículo estacionado próximo à Assembleia Legislativa
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

Após o carro com explosivos encontrado nos arredores da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL/CE) e a mensagem intimidadora deixada no Facebook, afirmando que outros prédios públicos poderão ser alvos dos bandidos, o governador Camilo Santana foi taxativo. "É uma posição firme: o governo não vai abrir no combate ao crime no Ceará", afirmou.

Segundo o governador, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) conta com o auxílio da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) para investigar a origem dos explosivos, a ordem de deixá-los no veículo nas proximidades da AL, bem como a intenção de tal ato, ocorrido na última segunda-feira (4). Conforme o titular da SSPDS, Delci Teixeira, o Volkswagen Up foi abandonado na Rua Francisco Holanda, esquina com Avenida Desembargador Moreira, por volta das 17h.

A reportagem apurou junto a fontes ligadas à PF que o órgão atuará através do Serviço de Inteligência, auxiliando a Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS. A presença da Polícia Federal na atuação conjunta é justificada, conforme a fonte, pela experiência e elementos de investigações da atuação do crime organizado no Ceará.

"Todas as áreas do governo estão debruçadas no assunto. Tudo tem que ser feito para darmos as respostas necessárias o mais rápido possível para a população, sociedade e Assembleia Legislativa. Tem sido uma cobrança do presidente (deputado Zezinho Albuquerque), muito justa, para o mais rápido possível ser dada uma resposta", afirmou.

Camilo Santana ainda reforçou que as ameaças deixadas em uma postagem no Facebook, horas antes do veículo com os explosivos ser localizado pela Coin conforme a reportagem apurou, nos arredores da AL, não serão temidas pelo governo.

"Se isso é uma tentativa de intimidar o governo ou a Secretaria de Segurança Pública, eles estão enganados. Não vamos abrir um milímetro sequer de combater o crime no Estado do Ceará", disparou. O texto intimidatório exige que o governador recue quanto à legislação que obriga as operadoras de telefonia a criar uma zona de sombra nas unidades carcerárias do Estado, impossibilitando o uso de rede telefônica e internet naquelas áreas.

"A Lei dos bloqueios de celulares já sancionei, e vamos colocar em vigor para obrigar as empresas a bloquear os sinais, pois esta é uma forma de reduzir a criminalidade e reduzir a violência no Estado do Ceará. Determinei que fosse rigorosamente feita a apuração em relação à origem dos explosivos e das ameaças na internet ao governador e ao governo, citando a Lei", disse.

O secretário da Segurança revelou ontem que um casal foi preso na noite de terça-feira (5) suspeito de participar, no domingo (3), do roubo ao veículo posteriormente abandonado na AL com 13,3 Kg de explosivos no porta malas. A identidade da dupla não foi informada até o fechamento desta edição. Entretanto, eles não foram reconhecidos pela vítima do assalto, conforme a reportagem apurou.

Dinamites

Delci Teixeira suspeita que os explosivos tenham sido obtidos pelos criminosos em alguma das três últimas ocorrências de roubos registradas contra pedreiras no Estado. Para o titular da SSPDS, o grupo possivelmente possui ligação com quadrilhas que atacam instituições financeiras.

"Tivemos aqui no Estado três assaltos a pedreiras, em que foi roubada dinamite. Esses bastões normalmente são empregados em assaltos com explosões a banco. Não é difícil obter esses explosivos pois eles assaltam pedreiras. E quem controla o transporte, a comercialização desses explosivos é o Exército Brasileiro (EB)", informou o secretário.

Conforme o chefe da Comunicação da 10ª Região Militar (RM), coronel EB Luiz Benício, os explosivos apreendidos "permanecem à disposição da Justiça. Virão para nós caso seja determinada a destruição", disse.

Ele também negou que o Exército tenha tido acesso ao código de barras dos artefatos. "O IIS é um código de 24 dígitos que permite a identificação de materiais controlados. Não fomos solicitados ainda pelos órgãos de segurança que estão conduzindo a investigação", afirmou. Segundo o oficial, a 10ª RM tem uma Seção de Fiscalização de Produtos Controlados que conduz todas as atividades inerentes a esse e outros assuntos afins nos Estados do Ceará e Piauí.

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