MPCE quer mais esclarecimentos sobre a Chacina das Cajazeiras

Órgão acusatório solicitou, pela segunda vez, a quebra do sigilo do aparelho celular de 'Celim' - apontado como um dos líderes da facção GDE - com o objetivo de elucidar por completo a maior matança da história do Estado

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br

O assassinato de 14 pessoas, no Forró do Gago, no dia 27 de janeiro deste ano, ainda requer mais esclarecimentos, para o Ministério Público do Ceará (MPCE). O órgão acusatório pediu a quebra de sigilo do aparelho celular de Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia', de 35 anos, apontado pela Polícia como um dos fundadores da organização criminosa Guardiões do Estado (GDE) e um dos responsáveis pela Chacina das Cajazeiras - a maior matança da história do Estado.

732
Anos foi a proposta de pena feita pelo MPCE. O Ministério Público pediu que 'Celim' seja condenado a um total de 732 anos de prisão, na denúncia da Chacina das Cajazeiras

No pedido enviado à 2ª Vara do Júri na última quinta-feira (29), a 2ª Promotoria de Justiça de Fortaleza lembra que a acusação já havia solicitado a violação do sigilo de dados telefônicos, mas o juiz da 7ª Vara Criminal (onde estava o processo antes) indeferiu a demanda, "por entender que a medida seria impertinente àquela acusação".

"Observado que Auricélio de Sousa Freitas é um dos principais líderes da facção criminosa Guardiões do Estado, conforme amplamente descrito no Inquérito Policial e na Denúncia, é imperioso requerer a realização da quebra do sigilo de dados telefônicos, posto que a partir das informações obtidas neste aparelho celular é possível que se esclareça os fatos que ocorreram naquele macabro 27 de janeiro de 2018 e a extensão da liderança de Auricélio na facção Guardiões do Estado", argumenta o MPCE.

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Acusados por atuação na matança. Na denúncia, o MPCE incluiu 15 supostos membros da GDE por participação direta ou indireta na matança do 'Forró do Gago'

O juiz da 7ª Vara entendeu, em decisão despachada em 24 de agosto deste ano, que o primeiro pedido de quebra de sigilo telefônico não tinha "pertinência e relevância", em razão de a ação penal se restringir apenas ao crime de uso de documento falso naquele momento.

Auricélio Freitas foi detido sob posse de um documento com nome falso, em um veículo blindado, durante uma abordagem da Polícia Militar, na Avenida Desembargador Moreira, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza, em 11 de julho deste ano. O Ministério Público denunciou o suposto líder da GDE por organização criminosa e falsidade ideológica no processo referente à prisão; e depois por homicídio qualificado, tentativa de homicídio, incêndio e fraude processual, na ação penal da Chacina das Cajazeiras.

Transferência

A Justiça Federal determinou, no dia 7 de novembro deste ano, que 'Celim' seja transferido para uma unidade de segurança máxima, a Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, após pedido da 2ª Vara da Justiça Estadual. Porém, ele ainda não foi transferido porque a defesa entrou com um recurso contra a transferência e espera a análise judiciária.

A defesa alega que ele não participou da maior carnificina cearense. "O 'Celim' é um trabalhador que mora na Babilônia. E, porque mora lá, disseram que é membro da GDE. Todo mundo virou membro de facção, porque mora em tal lugar em Fortaleza", justifica o advogado, que preferiu não ser identificado.

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