MPCE pede até 732 anos de pena para acusados de Chacina

Mais quatro homens foram apresentados na denúncia, por atuação na maior matança da história do Estado

Escrito por Cadu Freitas - Repórter ,
Legenda: 14 pessoas foram executadas no episódio que ficou conhecido como 'Chacina das Cajazeiras', em 27 de janeiro deste ano, no 'Forró do Gago' e nos seus arredores. A matança foi organizada e executada pela facção GDE
Foto: Foto: Thiago Gadelha

A 2ª Promotoria de Justiça Auxiliar das Promotorias de Justiça da Comarca de Fortaleza, do Ministério Público do Ceará (MPCE), pediu à Justiça - em denúncia apresentada no último dia 21 de agosto - até 732 anos de pena para os acusados de participação na morte de 14 pessoas no episódio que ficou conhecido como 'Chacina das Cajazeiras' - ocorrida em 27 de janeiro deste ano, no 'Forró do Gago' e nos seus arredores.

A matança foi organizada e executada por integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE), em razão da disputa territorial pelo tráfico de drogas nas Cajazeiras, região dominada pelo grupo rival Comando Vermelho (CV), de acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Os 15 denunciados pela chacina em questão deverão responder, a seu modo, pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, incêndio, uso de gás tóxico ou asfixiante tentado, fraude processual e organização criminosa.

INFO

Inclusões

Além dos 13 suspeitos indiciados pela Polícia Civil por participação na Chacina, ao avaliar o processo criminal, o Ministério Público denunciou mais quatro homens pela maior matança já registrada no Estado: Francisco de Assis Fernandes da Silva, o 'Barrinha'; Ednardo dos Santos Lima, o 'Aço'; João Paulo Félix Nogueira, o 'Paulim das Caixas'; e Victor Matos de Freitas.

'Barrinha', de acordo com o MPCE, é uma das maiores lideranças da GDE no Estado e teria concordado "com a realização da Chacina" de dentro do presídio no qual se encontrava (o Instituto Professor Olavo Oliveira II - IPPOO II). Em 2014, ele era considerado o principal criminoso especializado em explosões e roubos a instituições financeiras, quando figurava como o número um dentre os Mais Procurados pela Polícia no Estado. 'Barrinha' foi preso em junho daquele ano pelo ataque a uma agência bancária no Município de Milhã, em 2012.

Condenado a nove anos e seis meses de pena, o denunciado recebeu alvará de soltura no dia 7 de agosto deste ano após cumprir um terço da pena, em razão de ser réu primário; embora tenha sido preso outras três vezes. Com o benefício, 'Barrinha' era obrigado a comparecer mensalmente ao Juízo e não se ausentar da Capital por mais de oito dias, por exemplo.

Outros pedidos

'Paulim das Caixas', por sua vez, foi apontado pelo órgão denunciante como um dos conselheiros da GDE e líder do tráfico de drogas no Conjunto Habitacional Cidade Jardim, no bairro José Walter. Assim como 'Barrinha', ele teria concordado "com a efetivação da Chacina". O denunciado foi preso dois dias após a matança, depois de sair do sepultamento de outro suposto líder da facção. 'Paulim das Caixas' tem passagens por disparo, posse e porte de arma de fogo, roubo e homicídio.

Com ele, foi preso também Victor Matos de Freitas, apontado por uma testemunha protegida pela Justiça como um dos participantes da Chacina. O denunciado, porém, em depoimento, negou participação na matança e "disse que soube do fato por volta de 11h da manhã através de sua mãe".

Além da denúncia, o Ministério Público pediu a prisão preventiva dos quatro acusados pelo crime. De todos os 17 suspeitos denunciados pelo MPCE, apenas 'Barrinha' está solto; Ayalla Duarte Cavalcante, o 'Zói', cumpre pena alternativa. A defesa de Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim', preferiu não se manifestar; a advogada de Deijair Souza da Silva, o 'De Deus', disse que se manifestará nos autos.

O MPCE solicitou ainda a apuração e localização de outros 17 suspeitos de atuarem direta ou indiretamente nos homicídios, bem como o envio da perícia de cinco vítimas da chacina. Por fim, o órgão requereu indenização de 20 salários mínimos, por danos morais, às famílias das vítimas da matança.

Denunciados

1. Deijair de Souza Silva, o 'De Deus';

2. Noé de Paula Moreira, o 'Gripe Suína';

3. Misael de Paula Moreira, o 'Afeganistão';

4. Francisco de Assis Fernandes da Silva, o 'Barrinha';

5. Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia';

6. Zaqueu Oliveira da Silva, o 'H2O';

7. Ednardo dos Santos Lima, o 'Aço';

8. João Paulo Félix Nogueira, o 'Paulim das Caixas';

9. Rennan Gabriel da Silva, o 'Biel';

10. Fernando Alves de Santana, o 'Baiano' ou 'Robin Hood';

11. Francisco Kelson Ferreira do Nascimento, o 'Susto' ou '9MM';

12. Ruan Dantas da Silva, o 'RD';

13. Joel Anastácio de Freitas, o 'Gaspar';

14. Victor Matos de Freitas;

15. Ayalla Duarte Cavalcante, o 'Zói'.

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