MP apura desvio milionário na gestão de ex-prefeito de Missão Velha

Empresa de assessoria e digitalização teria sido beneficiada com repasses irregulares. Valores seriam distribuídos para outras pessoas físicas e jurídicas a fim de ocultar as movimentações financeiras

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br

Uma nova operação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), deflagrada na manhã da última terça-feira (12), investiga um suposto desvio de cerca de R$ 7,4 milhões da conta da Prefeitura de Missão Velha, Município da região do Cariri, para uma empresa de assessoria e digitalização. As irregularidades teriam ocorrido durante a gestão do ex-prefeito Tardiny Pinheiro Roberto, de 55 anos, que governou a cidade entre 2013 e 2016. Uma mulher foi presa.

A iniciativa do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com apoio da Polícia Civil, tinha a finalidade de cumprir três mandados de prisão, sendo um deles direcionado ao ex-prefeito. Os outros dois eram destinados a duas ex-secretárias de Tardiny. Foram cumpridos ainda sete mandados de busca e apreensão, inclusive no prédio da Prefeitura.

Para o MPCE, a movimentação entre as contas configura "indício de desvio de dinheiro do erário". O dono da empresa beneficiada, Francisco Bezerra Lima, seria o operador financeiro de uma associação criminosa formada pelos investigados, já que os valores desviados convergiam para a conta dele. Dessa conta, os recursos seriam distribuídos para outras pessoas físicas e jurídicas, através de "sofisticado esquema de ocultação de valores", conforme o órgão.

As também investigadas Márcia Maria Alencar Araújo e Relvia Lívia Sobreira eram servidoras na Secretaria Municipal de Finanças, à época dos fatos. A primeira teria sido beneficiada por 15 operações de crédito oriundos das contas de Bezerra, totalizando mais de R$100 mil. A segunda também teria recebido repasses do empresário, tanto na conta pessoal quanto por meio de uma empresa dela. Bezerra também teria transferido valores para o ex-prefeito.

Em face das investigações, o MPCE solicitou a busca e apreensão de agendas, recibos, boletos, notas, arquivos em mídias, smartphones e computadores, em residências, automóveis e escritórios dos envolvidos. Na sede da Prefeitura, os alvos seriam os eventuais procedimentos licitatórios existentes com as empresas investigadas no esquema. As provas podem apontar o grau de comprometimento dos investigados.

O MPCE também solicitou a suspensão de todos os contratos públicos que envolvam Francisco Bezerra Lima com os municípios de Missão Velha, Araripe, Altaneira, Baixio, Barro, Jardim e Ipaumirim. Isso porque o empresário deu baixa na empresa anterior e abriu uma nova, que firmou contrato com outros municípios, desde 2017.

A defesa de Tardiny informou à reportagem que o processo é sigiloso e que não poderia repassar mais informações. O ex-prefeito já havia sido condenado, em novembro de 2016, por improbidade administrativa. Ele perdeu o cargo e teve suspensão dos direitos políticos por três anos. À época, o MPCE apurou que a gestão municipal atrasava o pagamento do salário de servidores municipais desde 2013.

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