Mandados de buscas incluíam até mortos

A quantidade de mandados de prisão em aberto é um dos gargalos da Polícia Civil do Ceará

Escrito por Redação ,
Legenda: Uma fonte da Polícia Civil afirmou que há milhares de mandados em aberto no Ceará, e a pesquisa para atualizar os bancos de informações sobre foragidos demandaria anos, se considerado o efetivo atual da Corporação
Foto: FOTO: AGÊNCIA DIÁRIO / LUCAS MOURA

Uma operação coordenada pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública, em todo o País, evidenciou um dos maiores gargalos da Polícia Civil do Ceará: a quantidade de mandados de prisão, que estão em aberto, no Estado. Ao divulgar os resultados da 'Operação Midas', ontem, durante entrevista coletiva, o delegado geral, Everardo Lima, disse que os resultados da ofensiva deveriam ter sido maiores, no entanto, alguns alvos estão mortos ou presos por outros crimes.

> Dez operações estão previstas

Somente no Ceará foram capturadas 107 pessoas (102 adultos e cinco adolescentes) acusadas, principalmente, de cometer roubos e furtos. "O objetivo da ação era prender ainda mais criminosos. Nós devemos ter catalogado cerca de 200 mandados. No meio desses mandados, encontramos pessoas falecidas e mandados já cumpridos com infratores presos. É o momento também da gente zerar esse banco de mandados. Às vezes, você não consegue êxito porque a pessoa se evadiu para outro Estado e consegue se manter escondido", revelou o delegado geral.

Um delegado de Polícia Civil, que preferiu não se identificar, disse que há uma infinidade de mandados em aberto, e provavelmente, levaria anos para que todos fossem cumpridos. "Acredito que só a pesquisa para saber quantos mandados são realmente, quantos estão no nome da mesma pessoa, quantos dos alvos estão mortos demandaria um esforço que a Polícia Civil não tem condição nenhuma de fazer, porque não tem efetivo para isto", explicou.

Segundo o investigador, os milhares de mandados estão empacados há anos. "É o que se chama de bola de neve. As cidades foram crescendo, a população aumentando, os crimes se multiplicando e, em contrapartida, o efetivo da Polícia Civil foi se tornando cada vez mais insuficiente. Os mandados foram se amontoando aos poucos, até chegarmos ao ponto em que estamos hoje. Não sei o número exatamente, mas posso dizer que são dezenas de milhares de ordens de prisão em aberto", assegurou o policial.

Tempo

Um inspetor da Instituição, lotado em uma Delegacia Especializada, disse que não há tempo para cumprir mandados, a não ser em casos de repercussão, ou que a investigação esteja em fase avançada. "É leviano dizer que a Polícia está em busca dessas pessoas. Tem mandado que nem no sistema foi incluído, porque não tem gente suficiente para fazer esse trabalho. Então, fora todos estes que estão nos arquivos das Delegacias, ainda há outra remessa grande para entrar no sistema", explicou o investigador.

O policial disse que há comentários internos na Instituição de que uma força-tarefa seria montado para sanar o problema, mas nada foi dito oficialmente.

Decap

Um outro delegado que falou com a reportagem afirmou que a funcionalidade da Delegacia de Capturas e Polinter (Decap) foi esvaziada com o tempo, assim como a dos Distritos Policiais (DPs). Segundo ele, as unidades estão sendo sub-aproveitadas.

"A antiga Delegacia de Capturas era a responsável por esses mandados, mas não comportou a demanda e se transformou em um problema. O trabalho da Decap, atualmente, é uma burocracia sem fim e a operacionalidade foi deixada de lado. As Delegacias de bairros estão sendo esvaziadas pelas Especializadas também. Poderiam fazer muito mais, mas muitas estão apenas lavrando flagrante e registrando Boletins de Ocorrência (B.O.)".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.