Inquérito de chacina é enviado à Controladoria

A suposta participação de policiais nas 11 mortes motivou a transferência da investigação do caso

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: Conforme o comandante de Policiamento da Capital (CPC), coronel Francisco Souto, o policiamento na área está mantido indeterminadamente
Foto: Foto: JL Rosa

Os indícios de que houve a participação de agentes da Segurança Pública no evento que deixou 11 pessoas mortas na Grande Messejana semana passada ficam, a cada dia, mais fortes. Ontem, o inquérito policial que apura as execuções sumárias e outras tentativas de homicídio naquela área foram encaminhados para a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

Ontem, sabatinado pelos parlamentares na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), Delci Teixeira, reforçou, no entanto, que não está comprovada a participação de policiais na chacina, desta forma, não descartando ainda as demais hipóteses levantadas.

O inquérito policial instaurado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), foi anexado ao levantamento feito pela CGD relativo ao mesmo caso e ficou nas mãos da Controladoria, descartando uma investigação simultânea. Portanto, ao menos por enquanto, a DHPP está fora do caso.

Investigação

Delci afirmou que tem sido cobrado pessoalmente pelo governador do Estado, Camilo Santana, acerca de uma resolução rápida e consequente punição para os envolvidos na matança, que ainda deixou sete pessoas feridas, na madrugada do dia 12 deste mês.

"A recomendação do governador e minha é que (o crime) seja investigado com o maior rigor possível. Que não se esconda nada, que leve-se o caso às últimas consequências. Foi uma ação criminosa, descabida, desmedida. Nós encaminhamos hoje (ontem) o inquérito para a CGD. (Quanto à participação de policiais na chacina) comprovada não está, mas há indicativos. Em razão deles, nenhuma linha de investigação está descartada", afirmou Teixeira. O secretário destacou, ainda, que a transferência da investigação do caso foi por haver conflito de interesses na condução do inquérito, uma vez que foram encontrados indícios de participação de policiais na chacina.

A reportagem apurou que os investigadores estariam enfrentando "dificuldades" durante os levantamentos do inquérito. A comissão de delegados, composta pela diretora da DHPP, Socorro Portela; os delegados da DHPP Fábio Torres, Leonardo Barreto e George Monteiro; e o delegado do Departamento de Inteligência Policial (DIP), Luiz Carlos Dantas, permanece como suporte, caso necessário.

"Levamos à CGD pois ela tem mais isenção para trabalhar nesse caso. Temos uma comissão de promotores de Justiça também, acompanhando o caso. A vontade do governador, que me cobra diariamente como está o andamento do caso, é a prisão imediata de quem participou do crime e a apresentação, resguardando os direitos de cada um, imediata à Justiça, se realmente forem policiais", apontou Teixeira.

Chacina

Na madrugada de 12 de novembro, um grupo com número de pessoas ainda não informado invadiu as comunidades do Curió e São Miguel, na Grande Messejana. Conforme relatos de populares, eles adentraram casas e arrastaram pessoas para a calçada. Na frente de parentes, inclusive, alguns foram assassinados com tiros, muitas vezes, efetuados contra a cabeça.

Dentre os mortos, sete eram adolescentes. Um deles, havia entrado em conflito com a Lei de Trânsito. Dos demais, um dos mortos respondia por ameaça e o outro por estar em débito com a pensão alimentícia.

As mortes aconteceram um dia após a morte do policial militar Valtemberg Chaves Serpa, no bairro Lagoa Redonda, também na Grande Messejana. O soldado foi assassinado após reagir a um assalto. Ele foi atingido por disparos na nuca. Os suspeitos teriam fugido em direção à Favela da Palmeirinha, naquela região. Este acontecimento levantou a possibilidade de que um grupo policial teria buscado vingar a morte do soldado.

As outras linhas de investigação apontam para a morte de Lindemberg Vieira Dias, executado com 32 tiros, inclusive de fuzil, também em 11 de novembro, no limite entre Fortaleza e Maracanaú. O homem era ex-presidiário e respondia por tráfico de drogas, entre outros crimes. Por fim, também há a suspeita de que a chacina na Messejana tenha ligação com a prisão de Carlos Alexandre da Silva, de 39 anos, o 'Castor', que seria chefe de um grupo criminoso.

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