Guerra entre CV e GDE resultou na Chacina do Benfica

Ontem, a Polícia Civil assumiu que as mortes não tiveram relação com a rivalidade das torcidas organizadas

Escrito por Emanoela Campelo de Melo - Repórter ,

O episódio que ficou conhecido como Chacina do Benfica e resultou em sete pessoas mortas na sequência de ataques ocorrida na noite do último dia 9, teve como motivação principal a rivalidade entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE). Conforme depoimento de Douglas Matias da Silva, único preso sob suspeita de participar diretamente da ação, as mortes foram ordenadas por meio de uma ligação telefônica. Em coletiva de imprensa, ontem, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) corroborou a versão apresentada pelo suspeito.

De acordo com os autos, Douglas Matias, que se diz membro da GDE e foi preso dois dias após a chacina, confessou que estava em uma festa no bairro Lagamar, quando atendeu a uma chamada de um homem, cujo nome o suspeito não quis indicar, informando que uma pessoa de nome 'Geovane', que já o teria ameaçado de morte, estaria na sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF).

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Douglas Matias contou que, por volta das 22h30, foi até a TUF acompanhado de dois comparsas. Ao chegar na sede, na Vila Demétrio, ele permaneceu no veículo e os outros dois criminosos desceram do carro, um Fiat Punto, de cor branca.

Ao avistarem integrantes da organização rival, eles teriam iniciado a sequência de disparos de armas de fogo. Morreram devido aos ferimentos na Vila Demétrio, próximo à sede da TUF, Carlos Victor Meneses Barros, 23; Emilson Bandeira de Melo Júnior, 27; e Adenilton da Silva Ferreira, de 24 anos. Nos arredores do prédio da Torcida, na Rua Joaquim Magalhães, foi executado Pedro Braga Barroso Neto.

Segundo o depoimento de Douglas Matias, as quatro vítimas eram integrantes do Comando Vermelho. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que, dos quatro, apenas Pedro Braga possuía antecedentes criminais.

Rixa

Ontem, pouco mais de duas semanas após os ataques, que também vitimaram fatalmente José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior, Antônio Igor Moreira e Silva e Joaquim Vieira de Lucena Neto, além de dois outros homens feridos que seguem hospitalizados, a Polícia Civil assumiu que o episódio não aconteceu devido à rixa entre torcidas organizadas. A informação já havia sido antecipada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste.

O diretor adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado George Monteiro, afirmou que a investigação descarta ações autônomas. Para a Especializada, os ataques foram coordenados por um grupo de criminosos que, não necessariamente, precisariam agir em frente à sede de qualquer torcida organizada.

"As investigações apontam para a disputa de facções e, infelizmente, aconteceu na sede da uma torcida organizada. A princípio, descartamos que tenha sido briga de torcida organizada. Existia um alvo, até onde nós apuramos. E esse alvo estaria entre as vítimas da Praça da Gentilândia", disse Monteiro, sem revelar quem seria o alvo.

Em depoimento, o suspeito preso disse que não pertence a nenhuma organizada. Ainda em interrogatório, Douglas da Silva teria revelado que seus comparsas na noite da Chacina do Benfica foram Francisco Elisson Chaves de Souza e Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes. Os dois homens seguem sendo procurados pela Polícia.

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