Disputa por terras deixadas por Padre Cícero motiva operação

Uma desembargadora, advogados, a Diocese do Crato e uma construtora estão envolvidos no processo. A PF cumpriu mandados contra suspeitos de pagar propina à magistrada para favorecer a construtora em suas decisões

Escrito por Messias Borges , messias.borges@diariodonordeste.com.br
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Foto: Foto: Fernanda Siebra

A quinta fase da ‘Operação Expresso 150’, deflagrada pela Polícia Federal (PF), ontem, teve como alvo a suposta corrupção de uma desembargadora, em um processo de restituição de terra, na Região do Cariri. Os envolvidos estariam disputando terras deixadas por Padre Cícero. Residências, escritórios de advocacia e uma empresa foram revistados.

A reportagem apurou que mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos escritórios e nas casas de dois advogados. A sede de uma construtora e a residência do dono também foram revistados, em Juazeiro do Norte. Os policiais federais apreenderam documentos e mídias, para investigação.

A PF cumpriu seis ordens judiciais, sendo quatro em Juazeiro do Norte e duas na Capital. A decisão para que a ofensiva acontecesse é do ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Corrupção

O Ministério Público Federal (MPF) requereu, em novembro do ano passado, que a Polícia Federal realizasse novas diligências. A suspeita era de que uma desembargadora do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) teria recebido R$ 675 mil em propina, no processo referente à restituição de terras, movido pela Diocese do Crato.

Um empresário, proprietário de uma construtora, atual dona de parte dos terrenos em questão, teria pago os valores. As terras em jogo são heranças do Padre Cícero Romão Batista, deixadas para dois santos – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e São Miguel. 

Em 1998, o vigário da paróquia de Juazeiro do Norte decidiu vender parte da herança, um terreno de 750 mil m², no bairro São José, em Juazeiro. O empresário em questão comprou o bem oferecido pelo pároco por R$ 85 mil. A área hoje está avaliada em R$ 30 milhões.

Ao tomar conhecimento da transação imobiliária, em 2010, a Diocese do Crato entrou com uma ação na Justiça para questionar a venda. A reportagem apurou que um delator revelou ao Ministério Público do Estado (MPCE), que a desembargadora teria recebido a propina para decidir sobre uma apelação do processo em favor da construtora.

Assassinato 

O dono da construtora foi assassinado a tiros, em Juazeiro do Norte, em julho deste ano. Dois homens alvejaram a vítima, que dirigia um veículo. O automóvel de luxo caiu em um barranco e o empresário morreu imediatamente. A Polícia Civil não divulgou se o homicídio tem relação com a disputa das terras, na Região do Cariri.
 

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