Delegado ameaça demitir grevistas

Escrito por Redação ,

Em um "conversa", ontem, para 160 novos escrivães da Polícia Civil, o delegado geral da Pasta, Andrade Júnior, ameaçou demitir toda a Polícia Civil se continuasse em greve, repetiu que a paralisação era uma "ilegalidade" e chegou a usar o termo "pilantras" para se referir a quem estava no movimento. "Como disse aos senhores, tenho 45 anos de idade e 29 de serviço público. Comecei a trabalhar bem cedo e nunca cometi uma ilegalidade dentro da função. E desafio qualquer um desses pilantras que estão aí. Se vão entrar para engrossar esse coro, não entrem".

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O áudio com a fala de Andrade Júnior, considerada pelo próprio delegado geral como "dura", foi divulgado nas redes sociais e repercutiu mal entre inspetores e escrivães. Um outro áudio de Andrade Júnior pedindo desculpas pela expressão "pilantras", também foi difundido.

"Gostaria de pedir desculpas aos policiais civis porque o termo foi inadequado. Os senhores não são esses, até porque não foi direcionado para os senhores. Nós sabemos quem são as pessoas que estão buscando promoção pessoal e mentindo para a categoria, dizendo que conseguiu isso e aquilo", disse.

Andrade Júnior aparece em outro trecho do áudio alertando que os policiais que estavam na sala não gravassem. "Eu sei que um ou outro está gravando a conversa do delegado geral. Não façam isso. Não façam porque o processo de vocês vai durar dez dias. Está gravando, para de gravar logo".

Em outro trecho, o delegado geral diz que foi alertado de que a convocação dos novos escrivães poderia ser um erro. "Muita gente diz: Andrade, você tem quantos para entrar. 200? Andrade, você vai colocar 200 escrivães para dentro para engrossar essa turba que está aí. Eu digo: gente, eu boto para dentro, eu boto para fora. Eu tenho mais duas turmas de reserva. Eu tenho cadastro de reserva que o governo vai abrir agora. Eu mudo toda a Polícia Civil. Mas isso aqui funciona! Eu peço encarecidamente que aquele que achar que o discurso é muito duro, desista. Mas desista mesmo".

O delegado geral reafirmou que não respeitava a greve, considerada por ele como ilegalidade. "Eu não posso respeitar essa ilegalidade que está aí. Se vocês têm amigos, a única saída deles é se apresentar imediatamente ao trabalho. Não é ameaça do delegado geral não. Estou mandando trabalhar. Os senhores estão sendo convocados pra trabalhar", afirmou. A posse dos escrivães deve ocorrer durante esse semana.

Procurado pela reportagem para comentar as declarações, o delegado geral não foi localizado. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol-CE), Francisco Lucas disse que Andrade Júnior "foi extremamente infeliz" nas declarações. "A categoria está analisando a possibilidade de entrar com ação de reparação de danos morais coletiva. Estão todos revoltados. Estamos na luta para melhoria das condições", disse.

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