Cearense condenado por furto ao Banco Central é preso no DF

'Amarelo' é acusado de dar apoio à lavagem de dinheiro do crime milionário e estava foragido da Justiça

Escrito por Nícolas Paulino - Repórter ,
Legenda: Apenas cerca de R$30 milhões furtados foram recuperados, ou seja, menos de um terço do montante levado pelos criminosos
Foto: Foto: Toninho Almada/ Hoje em Dia

Saindo de casa numa bicicleta. Foi assim que um dos integrantes da quadrilha que furtou o Banco Central (BC) de Fortaleza, em 2005, Adelino Angelim de Sousa Neto, conhecido como 'Amarelo', de 36 anos, foi recapturado, 13 anos após o crime. Ele foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), na região administrativa de Paranoá, a 27 km de Brasília, na noite da última segunda-feira (13). Natural de Boa Viagem, no Sertão Central cearense, 'Amarelo' foi condenado pela Justiça por ajudar a "lavar" o dinheiro furtado e estava foragido.

Adelino Angelim foi localizado após uma denúncia anônima, de acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Os policiais cumpriram o mandado de prisão que havia sido expedido pela 12ª Vara da Justiça Federal no Ceará, em julho do ano passado. Após a detenção, os investigadores encontraram uma pistola calibre Ponto 380, com 12 munições intactas e certificado de registro no nome do foragido, no imóvel onde ele residia.

A informação de que o cearense estava em Paranoá foi recebida por uma equipe da Polícia Militar, na última segunda-feira (13). Os militares monitoraram a residência suspeita e abordaram um veículo, mas quem estava nele era a esposa do homem procurado. A mulher foi liberada, mas os PMs voltaram ao local e efetuaram a prisão de 'Amarelo' enquanto ele saía da sua residência, por volta de 22h.

O foragido não reagiu e confessou tanto a sua identidade como a posse de diversas armas de fogo, estando uma em Paranoá e outras em uma residência no Município de Formosa, em Goiás, que também era utilizada como esconderijo. A Polícia também apreendeu o registro de colecionador, atirador esportivo ou caçador (CAC) obtido pelo preso.

Os investigadores se deslocaram até Goiás, mas nenhum ilícito foi encontrado. Em seguida, eles retornaram ao 6º DP, em Paranoá. Ainda segundo a Polícia, 'Amarelo' já havia sido detido no ano passado, em um condomínio na região administrativa, com seis armas e cerca de mil munições. Mais uma vez, ele foi colocado em liberdade.

Condenação

'Amarelo' foi capturado em setembro de 2006, por participar do maior furto da história do Brasil. Ele foi solto dois meses depois e aguardava a revisão da pena em liberdade. Até que o novo mandado, expedido pela Justiça no ano passado, determinou o seu retorno ao cárcere. Entretanto, ele não se apresentou e virou foragido.

O cearense já foi condenado e tem de cumprir 18 anos de prisão, inicialmente em regime fechado, além de pagar multa de R$ 3 milhões. Ele foi levado ao xadrez do Departamento de Polícia Especializada (DPE) ontem e deve ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, a 20km de Brasília.

13 anos depois

A recaptura de um dos poucos foragidos entre os acusados do furto milionário se deu no mês em que o crime completa 13 anos. Entre 5 e 6 de agosto de 2005, a caixa-forte do BC foi invadida, e R$ 164,7 milhões foram conduzidos por um túnel de 80 metros, cavado sob a Avenida Dom Manuel. Como os alarmes não foram disparados e as câmeras não capturaram movimentação, o furto foi descoberto apenas no dia 8, uma segunda-feira.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 133 pessoas por participação direta ou indireta no crime. No último balanço da Justiça Federal do Ceará, mais de 90 delas já haviam sido condenadas. Antônio Jussivan Alves dos Santos, o 'Alemão', hoje com 51 anos, mentor do furto e líder do bando, foi um dos réus sentenciados. Em dezembro do ano passado, ele foi transferido para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, após uma tentativa de fuga da Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba, em agosto de 2017, em ação orquestrada pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Apesar dos esforços da Polícia, apenas cerca de R$ 30 milhões furtados foram recuperados, ou seja, menos de um terço do montante levado pelos criminosos. Segundo as autoridades, as notas não rastreáveis foram utilizadas para comprar uma série de bens, geralmente por um preço bem acima do que valiam, para lavar o dinheiro de forma mais rápida. Imóveis foram comprados em diversos Estados, como Ceará, Paraíba, Pernambuco, Maranhão e Goiás. Também foram adquiridos veículos comuns e de luxo, relógios e joias.

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