Vísceras de Tilápia viram óleo em Jaguaribara

Escrito por Redação ,
Russas. Os impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado das vísceras de tilápia, resultado do crescimento da piscicultura no Açude Castanhão, em Jaguaribara, motivou três jovens empresários do município a pesquisarem e instalarem uma empresa para contribuir de forma sustentável com a economia local. A Piscis foi instalada em 2009 e é responsável por transformar o subproduto do peixe em óleo, que é vendido para fábricas de ração.

A área de processamento está localizada no próprio município. Para coletar o subproduto, foi criado, em parceria com a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, um sistema a vácuo, instalado em um caminhão

A ideia surgiu em 2007, segundo explica um dos sócios da empresa de beneficiamento, André Siqueira. Ele conta que em função do crescimento da produção de tilápia no açude Castanhão, houve a oportunidade de reaproveitamento das vísceras do peixe que, de acordo com o empresário, era um problema para os piscicultores, já que acabavam sendo descartadas de forma inadequada.

"Existem vários estudos sobre a utilização das vísceras do peixe, aplicados a outras espécies, em outras regiões do país. Fomos aprimorando para chegar em um processo que fosse viável de acordo com a nossa realidade, que utilizasse poucos investimentos", conta.

A empresa foi instalada em 2009 e recebeu ao longo desses mais de quatro anos o apoio de instituições de fomento, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Na empresa são três sócios, além de André, que é formado em economia e doutor em biotecnologia, Lívia Barreto, que é bióloga, e Éden Rocha formado em agronomia.

"Para instalar a empresa fizemos vários estudos e graças ao apoio que tivemos estamos realizando o trabalho. A tendência é melhorar e ampliar nossa estrutura para atender a todas as associações de piscicultores e produtores dependentes", ressaltou.

A área de processamento está localizada no próprio município de Jaguaribara. Para coletar o subproduto, foi criado, em parceria com a Funcap, um sistema a vácuo, que fica instalado em cima do caminhão.

"O produtor ele entra em contato com a gente, avisando o dia que vai ter a despesca. Depois o caminhão vai lá e faz a sucção das vísceras. Esse material segue para processamento onde é retirado o óleo, que é o produto principal", conta Siqueira.

O óleo produzido pela Piscis é vendido para indústrias de ração animal. Em 2013 foram coletados aproximadamente 900 toneladas de vísceras, no qual foram produzidos 30 mil litros de óleo. De acordo com André, para cada quilo de víscera, é produzido 1/3 de litro de óleo.

Diferencial

O óleo de tilápia oferece diferencial nutricional quando comparado a outras fontes de energia (óleos de origem vegetal) para uso em rações animais, devido ao alto teor de Omega 6 e por tratar-se de óleo insaturado.

Além dos resultados que visa o aproveitamento dos resíduos de peixe, a retirada desse subproduto do leito do açude e dos lençóis freáticos existentes no entorno representa diminuição dos impactos ambientais causados pela piscicultura.

De acordo com Siqueira, os recursos da empresa são reinvestidos em novos equipamentos e em melhoria dos processos. "Estamos iniciando o reaproveitamento de outros resíduos, como o peixe que morre durante o processo de criação. Fizemos alguns experimentos em que utilizamos esse material para a produção de adubo orgânico", diz.

Sucesso

A iniciativa já foi finalista em vários prêmios de empreendedorismo sustentável. Entre eles a Piscis foi finalista do Prêmio Nacional de Inovação do Conselho Nacional da Indústris (CNI) em 2011, na categoria desenvolvimento sustentável; terceiro lugar na etapa regional do Prêmio Finep de Inovação em 2012, categoria Inovação Sustentável; e segundo lugar desse mesmo prêmio em 2013, na etapa regional.

"Agora somos finalistas no Prêmio Oziris Silva de Empreendedorismo Sustentável, na categoria Empreendedorismo Ambiental. O prêmio procura conhecer iniciativas inovadoras, empreendedoras e sustentáveis e a Piscis atende esses três quesitos", ressalta.

A Piscis concorre ao prêmio juntamente com nove empresas. Hoje haverá apresentação para equipe julgadora, e no dia 1ª de fevereiro será a premiação, na cidade de Curitiba.

ellen freitas
Colaboradora