Única área verde de Juazeiro está abandonada

Escrito por Antonio Rodrigues - Colaborador ,
Legenda: Apesar de ser a única área verde dentro desta cidade do Cariri cearense, ele não conta com preservação, infraestrutura e nem fiscalização
Foto: Foto: Antonio Rodrigues

Juazeiro do Norte. O ponto de mototáxi vazio, sem ninguém para oferecer o serviço é o contraste do abandono que o Parque Natural Municipal das Timbaúbas sofreu ao longo dos anos. Apesar de ser a única área verde dentro desta cidade do Cariri cearense, ele não conta com preservação, infraestrutura e fiscalização. O mesmo acontece com os equipamentos que funcionam por lá, enquanto as construções de outras edificações estão em ritmo lento ou paradas.

São duas quadras que ainda funcionam, mas não são cobertas e apresentam rachadura no piso. Outra, de futebol de areia, viu o mato tomar conta. O mesmo aconteceu com os banheiros e vestiários, cujas estruturas vêm ruindo aos poucos. A pista de skate ainda funciona e atrai muitos jovens, já o anfiteatro, que não recebe atividades culturais, teve seu palco transformado em quadra de futsal pelos usuários. Muitos postes estão apagados e entulho foi jogado a poucos metros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

A comerciante Maria Inácio da Silva, que há 18 anos tem um ponto no Parque, lembra que, quando começou, era muito atrativo. No sábado e domingo, várias pessoas visitavam porque tinha bicas e parques infantis. Para ela, alguns casos de violência, inclusive com mortes, dentro da unidade, e o costumeiro uso de drogas, afastou a população. "Não tem energia. Tá tudo escuro. Aqui roubam demais. Tomara que melhore, porque aqui é bonito, arejado", espera.

Já o estudante Valdelânio Mendes, que pratica ciclismo no Parque, acredita que a população de Juazeiro do Norte, desconhece a sua existência. "Boa parte não desfruta por não saber. Já participei de corrida de orientação e algumas pessoas não sabiam da área e das possibilidade de ter atividades aqui dentro. Poderia ser direcionado para alguma finalidade de público, como o camping", propõe.

Para a arquiteta urbanista Ângela Lima, espaços públicos são fundamentais para uma cidade. O Parque das Timbaúbas, por exemplo, concentra uma vegetação importante e capta a maior parte da água distribuída em Juazeiro. Mas alguns fatores acabam afastando a população, como a degradação da vegetação, falta de segurança, acúmulo de lixo e construções irregulares.

"Ele precisa de revitalização e gestão pública e participativa. É um patrimônio juazeirense. As periferias precisam de espaços públicos atrativos, inclusivos em suas comunidades, praças, quadras, palcos. Isso para garantir a sociabilidade, espaços para manifestações culturais, agregar uma economia criativa, manifestações políticas, e que viesse a diminuir índices de violência e melhorar a economia local do bairro", pontua Ângela.

Unidade de Conservação

Com 23,40 hectares, o Parque Natural Municipal das Timbaúbas, a partir de Decreto de 23 de outubro de 2017, se tornou primeira unidade de conservação do Município, enquadrada como uma Área de Proteção Integral. Ele está em processo de registro no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Ceará (Seuc), o que garantirá a proteção integral feita pelas três esferas governamentais.

Obras

Após polêmica, algumas obras foram iniciadas no Parque das Timbaúbas. As primeiras, em 2014, com a construção do Centro de Reabilitação e da Oficina Ortopédica, que deveriam ser concluídas no mesmo ano. As duas estão paradas. No ano passado, começou a construção de um Centro de Iniciação ao Esporte (CIE), que atenderá 13 modalidades olímpicas, mas está em ritmo lento, ao lado da construção da piscina semiolímpica que também está paralisada.

Segundo a Secretaria de Infraestrutura de Juazeiro do Norte (Seinfra), está havendo um replanilhamento dos serviços da construção da piscina olímpica. Já o projeto de reforma foi finalizado, mas aguarda a assinatura de convênio com o Estado.