Sangradouro de açude pode romper com precipitações

Escrito por Marcelino Júnior - Colaborador ,
Legenda: Dada como inacabada, a construção do Açude Carnaúbas, em Santana do Acaraú, pode trazer problemas com as chuvas
Foto: Foto: FRANCISCO DAS CHAGAS CARNEIRO

Santana do Acaraú. Com o fim do período de pré-estação e a expectativa da chegada da quadra chuvosa, para meados de fevereiro, os moradores deste Município do Norte do Estado já se preocupam com um problema que se arrasta há anos. Iniciada em 1992, a construção do Açude Carnaúba, com capacidade para cerca de 11 milhões de m³, não chegou a ser concluída, faltando a finalização, tanto da parede do reservatório, quanto de seu sangradouro. O açude fica em um ponto mais elevado em relação à cidade, a 12Km, tendo, nas proximidades de seu leito, diversas comunidades agrícolas.

A água do reservatório se junta à do Rio Acaraú, que corta a cidade. Daí, o medo dos moradores, que, caso o volume cresça, a ponto de romper a parede do sangradouro inacabado. As famílias reclamam, ainda, da construção particular de um tanque de peixes e a colocação de uma cerca farpada, dentro do leito do açude. "Toda população teme pelo que pode acontecer. Além do espaço estreito do sangradouro, o excesso de capim navalha plantado para o gado é outro problema, já que, arrastado pela correnteza, poderá prejudicar o escoamento da barragem, que pode arrebentar. Se isso ocorrer, a cidade de Santana será inundada", afirma Francisco das Chagas Carneiro, presidente da Associação da Comunidade de Canafístula, uma das dez localizadas abaixo da parede do açude, que somam cerca de cem famílias.

Em 2010, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) elaborou um documento com vistoria técnica, justificando a paralisação da obra e encerramento do convênio. Na nota técnica, o auditor-chefe do Dnocs, Ricardo Domingues da Silva, afirmou que, entre as falhas, "houve divergência entre diversos convênios para o mesmo fim, além de graves deficiências na formalização, execução e prestação de contas de todos os convênios relacionados à obra em questão".

O atual prefeito de Santana, Marcelo Arcanjo, encaminhou, no ano passado, diversos ofícios ao Dnocs, solicitando a urgente retomada e finalização da obra, apesar dos embargos técnicos. Ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).