Redenção marca a data reafirmando seu pioneirismo na abolição

Escrito por Redação ,
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Redenção, o primeiro Município a abolir a escravatura no Brasil — em 1º de janeiro de 1883 — comemora o 13 de Maio neste sábado, com a apresentação do grupo folclórico 25 de Março, no Museu Senzala Negro Liberto, situado no entrada da cidade. O objetivo é receber os turistas nacionais e estrangeiros que são fonte de emprego e renda para grande parte da população de 25 mil habitantes. O Município fica a 66 km de Fortaleza, no Maciço de Baturité. Em meio ao orgulho de ter sido a pioneira na libertação dos negros, a administração municipal reconhece que a cidade sofre as mazelas da violência enfrentadas pelos municípios brasileiros. Problema citado na reportagem especial publicada na edição do Diário do Nordeste do último dia 7, com o título “Redenção: a vida atrás das grades”, do jornalista Ricardo Kotscho. No entanto, a prefeita Francisca Torres Bezerra (Cimar, como gosta de ser chamada), questiona alguns pontos colocados ao longo do texto.

Ela afirma que não corresponde à realidade a informação de que os moradores se recolhem a partir das 18 horas, nas suas residências com grades por todos os lados. “Isso não é verdade. Temos aqui um cotidiano normal, como qualquer cidade brasileira com suas mazelas e dificuldades”. Cimar ressalta que um grande número de jovens estuda à noite e circula normalmente pelas ruas até mais das 22 horas. “Além disso, existe a vida social noturna das famílias, dos namorados, que vão a lanchonetes e pizzaria”. A informação da gestora é confirmada pela secretária de Cultura e Turismo, Teresinha Liziê.

Ela explica, no entanto, que não quer “camuflar a verdade da violência que aflige todo o País”. Assim como em qualquer Município, Redenção também sofre com a ação dos marginais e com as drogas. “Reafirmo, sem sombra de dúvidas, de que por isso, como foi dito na matéria, a Via-Sacra não foi interrompida por causa dos bandidos. Tudo ocorreu com sempre”.

A prefeita explica que a administração municipal vem fazendo “a sua parte” com relação à segurança pública. Para melhor defender sua posição, Cimar cita parte da matéria: “delegado municipal de Redenção há dois anos, depois de rodar por boa parte do interior cearense, José Ribamar Gomes Lemos reconhece que pouco pode fazer para defender a cidade assustada. Conta com apenas cinco inspetores de polícia, dois escrivães e uma única viatura, uma Parati 1999, que já está quase entregando os pontos. Desta forma, não consegue nem fazer cumprir a lei seca que ele próprio decretou ao chegar à cidade, ordenando o fechamento dos bares após as 22 horas. “Vou fiscalizar como?”. A gestora ressalta que a Prefeitura fornece, através de parceria com a Secretaria de Segurança Pública, combustíveis e alimentação para a Polícia Militar. Ela conta que, há cerca de um mês, em parceria com a Prefeitura de Acarape, reformou o prédio onde funciona a PM e construiu uma casa para o comandante Carlos César. “Além disso, o veículo é novo, foi entregue pelo governo do Estado há pouco tempo. No distrito de Antônio Diogo também tem viatura em perfeitas condições de tráfego”.

Cimar diz que as grades colocadas ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, na Praça Matriz, tem como principal objetivo, “evitar que os casais fossem namorar atrás do templo. Lógico que protege dos roubos de imagens, mas não foi assim da maneira com foi escrita pelo jornalista”.

O fechamento da Farmácia Santa Rita quando a Ave-Maria é anunciada nas rádios, é outra questão que ela rebate. “Cada um tem sua liberdade para fazer o que quiser. Assim como o dono dessa farmácia, existem outros que mantêm suas lojas abertas até tarde. É uma opção, somente isso”.

Antes do 13 de Maio, data oficial da abolição da escravatura em todo o País, Redenção tem como tradição comemorar o feito nos dias 1º de janeiro — quando alforriou o último negro — e 25 de março, que marca a libertação no Ceará. “A cidade continua, apesar de dificuldades, sendo o ‘Roseal da Liberdade’, como consagrou o filho da terra Perboyre Silva”.