Produção de mel deve crescer em 2019, prevê Associação

Apesar das adversidades enfrentadas pelo setor nos últimos anos - como queda na produção e no preço -, a Associação dos Apicultores cearenses mostra otimismo. A entidade acredita em uma retomada a partir de 2019

Escrito por Honório Barbosa , regiao@verdesmares.com.br

O Ceará vai voltar a ser uma terra em que escorre mel, gerando renda e ocupação para mais de oito mil agricultores de base familiar. A expectativa é da Federação Cearense de Apicultura (Fecap). O Estado já liderou o ranking de produção nacional no ano de 2011 com seis mil toneladas, segundo dados do IBGE, mas as dificuldades decorrentes de seis anos seguidos de chuvas abaixo da média trouxeram dificuldades para o setor.

A partir de 2012 começou o período de retração na apicultura cearense. A produção caiu 25% em 2016, em comparação com 2011, ficando em torno de 1,5 tonelada. Outro entrave foi a queda de preço do mel de abelha de R$ 12 o quilo, comercializado em 2016, para R$ 9,50 em 2017 e neste ano, R$ 7.

Apesar das adversidades enfrentadas pelo setor (queda na produção e no preço), os apicultores estão otimistas, acreditando em uma retomada a partir de 2019. O presidente da Fecap está animado. "Já tivemos uma melhora neste ano em algumas regiões e para aqueles apicultores que seguiram orientação técnica, implantaram novas tecnologias", pontuou Irineu Machado Fonseca, presidente da Federação de Apicultura.

Os apicultores observam que houve neste ano uma melhora na floração da mata nativa da Caatinga. O clima de motivação decorre da mobilização de mais de 30 seminários 'Ceará Mel' realizados pela Fecap em mais de 120 municípios do Interior. "Levamos palestras, importantes orientações técnicas e vamos sair de um período de estiagem para retomada da produção", acredita Irineu Fonseca.

Profissionalização

A Fecap defende a profissionalização da agricultura familiar, pois quem cuida bem das colmeias e aplica as tecnologias tem como alimentar o enxame, preservar e até multiplicar, produzir mel, cera, abelha rainha e própolis. "Acreditamos na volta das chuvas, o Ceará vai ser uma terra que terá mel e leite, pois a bovinocultura também vai voltar a crescer", espera Irineu Fonseca.

A atividade é rentável. Há apicultores que seguem as orientações técnicas e conseguem obter em uma colmeia 90 quilos de mel, que comercializados a R$ 8 dão uma renda bruta de R$ 720. Há produtores com mais de cem colmeias. Outros, considerados pequenos, obtêm em média R$ 5.000 por mês. A apicultura não impede outras ocupações concomitantes.

Em Cariús, há cerca de 30 apicultores e a produção de mel de abelha, nesses últimos anos, caiu de 30 toneladas para 24 toneladas, ou seja, 20%. "Tivemos dificuldades por causa das chuvas reduzidas e irregulares", observou o apicultor, Hildegardo Moura. "Tivemos que migrar com as colmeias para a chapada do Cariri", destaca.

A coordenadora de Apicultura do Sebrae, na região Centro-Sul, Tuany Holanda, salientou que a entidade trabalha com acompanhamento técnico em 14 municípios da região. "O nosso foco é para a gestão dos negócios para que os apicultores produzam melhor, com menor custo e mais renda", frisou. Em média, os apicultores obtêm um lucro mensal entre um e dois salários mínimos com a atividade.

Exportação

No Centro-Sul cearense a produção de mel de abelha estimada em 2016 foi de 250 toneladas e em 2017 foi de 350 toneladas. Neste ano, manteve a quantidade anterior. O mercado é favorável ao setor, que não atende à demanda. O Brasil produz cerca de 45 mil toneladas de mel de abelha por ano. Desse total, 52% estão voltadas para a exportação. Os dados são da Confederação Brasileira de Apicultores.