Mulheres de presos denunciam maus-tratos e comida racionada em presídio de Juazeiro do Norte

A Sejus realiza uma vistoria na Penitenciária Industrial Regional do Cariri (Pirc) desde a quarta-feira (14)

Escrito por André Costa ,

Familiares de detentos protestaram em frente a Penitenciária Industrial Regional do Cariri (Pirc), em Juazeiro do Norte, na manhã desta sexta-feira (14). De acordo com eles, os presidiários estariam sofrendo maus-tratos e "passando fome". Os parentes afirmaram, ainda, que as visitas foram suspensas. "Eles estão apanhando muito, a comida foi racionada e as celas estão superlotadas. Em um local que suporta dois presos, estão seis. Eles não estão conseguindo nem dormir", detalhou uma mulher que pediu para não ter sua identidade divulgada. 

Conforme os familiares, durante a manhã desta sexta-feira, "tiros foram disparados" de dentro da unidade prisional. "Se tem tiro, é porque está tendo abuso de poder. Eles estão apanhando e levando spray de pimenta na cara", acrescentou uma parente que também não quis se identificar.  As visitas teriam sido suspensas para realização de uma minuciosa vistoria e limpeza na Pirc. De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus), o procedimento teve início na manhã da última quarta-feira, dia 12. 

"A Sejus levou reforço de agentes penitenciários da região do Cariri, do Grupo de Operações Regionais (Gore), do canil do Grupo de Ações Penitenciárias (GAP) e do Núcleo de Segurança e Disciplina da Sejus (Nused)". Ainda segundo a Secretaria, o quantitativo de apreensões só será divulgado ao final da operação. A Sejus não comentou acerca das acusações de maus-tratos e superlotação

Advogados de detentos dizem que não podem conversar com seus clientes

Advogados dos detentos também estiveram em frente a Penitenciária nesta manhã. Eles reclamam que estão sendo impedidos de conversarem com seus clientes. O presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Juazeiro do Norte, Tarso Magno, acompanhou, no local, o protesto dos familiares. 

O diretor do Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (Sindasp), Carlos Eduardo Brito, negou os maus-tratos e disse que a vistoria é necessária frente a quantidade de objetos apreendidos na unidade prisional nas últimas semanas. "Posso afirmar que nenhum agente penitenciário utilizou-se de quaisquer tipo de agressão aos detentos. A vistoria é precisa. Foram identificados diversos túneis cavados dentro da PIRC, numa tentativa de fuga dos detentos. Para além disso, nosso agentes com frequência interceptam a entrada de objetos na Cadeia. Na última semana, encontramos dois revólveres calibre 38. Portanto, é preciso uma vistoria rigorosa", detalhou Brito.

O diretor do Sindasp ressaltou, no entanto, que a Penitenciária apresenta estrutura precária e superlotação. "Venho cobrando isso da Sejus há muitos anos. O contingente dos agentes é bastante reduzido, há mais presos do que a capacidade máxima da Penitenciária e, acredito que os advogados da OAB deviam estar imbuídos era de cobrar essas melhorias a Sejus e não atendendo em benefício de seus clientes", criticou Brito. 
 

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