Ocupação de áreas públicas continua em Iguatu

A Prefeitura não tem um levantamento atualizado de quantas pessoas estejam vivendo nos barracos improvisados, mas afirma que a situação será resolvida

Escrito por Honório Barbosa , redacao@diariodonordeste.com.br

Um fenômeno social que era comum nos grandes centros urbanos agora é cada vez mais recorrente nas médias cidades do Interior: a ocupação de terrenos públicos na periferia, em busca de casa própria.

Há dois anos e oito meses, dezenas de famílias ocuparam cinco áreas públicas, em bairros da periferia de Iguatu, com o objetivo de reivindicar moradia popular. Até hoje, aguardam uma decisão da Prefeitura. Alguns já conseguiram construir parcialmente algumas casas de alvenaria, mas a maioria mora em precários barracos de madeira.

As famílias enfrentam um calor intenso no interior das moradias precárias. A situação dos ocupantes é de vulnerabilidade, os espaço não dispõem nem de sanitário. "Aqui à tarde é um forno e à noite tem muita muriçoca. Nosso sofrimento é grande. Quando chove, molha tudo", disse o catador de recicláveis, Valdir Pinto Ribeiro. A dona de casa, Mara Lima, mantém a esperança. "Não podemos pagar aluguel, não temos para onde ir. Espero receber uma casa".

A aposentada, Maria Luíza de Souza, reclama: "O tempo está passando e não temos nenhuma solução, só promessas, até hoje", pontuou. Já o artesão, Carlos Eduardo Araújo, ocupou o espaço onde deveria funcionar uma Academia de Saúde, no bairro Areias II, e instalou a oficina, construída ao lado do barraco. "Só quero sair daqui quando construir minha casa", disse.

Construção

A coordenadora especial de Habitação do Município, Renata Christina Pinto e Silva, disse que 600 unidades habitacionais do 'Programa Minha Casa Minha Vida' estão em construção, no distrito de Gadelha, e que mais 300 serão contratadas. "A prioridade é para as famílias de áreas ocupadas, que moram em barracos. Estamos fazendo um cadastro em todo o Município para levantarmos a demanda real", explicou.

A Caixa Econômica Federal (CEF) é quem vai selecionar as famílias que vão ser beneficiadas com as casas, segundo critérios do programa. Cada unidade deve custar R$ 7,5 mil, com prazo de 10 anos para pagamento. No dia 16 d e outubro, haverá uma reunião com o promotor de Justiça, Fernando Miranda, com o objetivo de discutir a questão.

Em fevereiro de 2016, centenas de famílias ocuparam áreas públicas destinadas à construção de escolas, creches, praças, academias e postos de Saúde, nos bairros João Paulo II, Areias II, Conjunto Filadélfia, Vila Neuma e Altiplano. Com o decorrer do tempo, muitas deixaram a ocupação.

A Prefeitura não tem um levantamento atualizado do número de pessoas que moram em barracos e dos que construíram, mesmo parcialmente, casas de alvenaria, embora já tenham sido feitos vários cadastros. Os próprios ocupantes estimam que 120 famílias morem nos espaços improvisados. Até as ligações de água e de luz são clandestinas.

Em cada barraco, as famílias têm suas histórias próprias, mas que são comuns: reclamam das dificuldades para conseguir trabalho, mães que não têm com quem deixar suas crianças; idosos abandonados pelos familiares, alguns despejados por falta de condições de pagar aluguel. São pessoas que vieram de bairros vizinhos e enfrentam juntas o drama da falta de habitação.

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