Museu passa por reformas

Escrito por Redação ,
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Apesar de não ser um restauro, obras buscam preservar a arquitetura original. O investimento é de R$ 25 mil

Quixadá. Pela primeira vez desde a abertura de suas portas, em 1984, o Museu Municipal Jacinto de Sousa está sendo restaurado. O cronograma das obras de recuperação de alvenaria, piso, telhado e pintura deverá estar concluído até uma semana antes do aniversário de Quixadá, 27 de outubro, no mesmo dia em que foi fundado o museu. Será o tempo necessário para repor o acervo, composto de peças religiosas, fotográficas, mobiliário e trabalho escravo nas salas espalhadas pelo casarão construído em 1922, diante da antiga estação ferroviária.

Segundo a coordenadora do Museu, Maria Prima Freire de Souza, o Município investiu R$ 25 mil nos serviços. Parte do assoalho de tábua corrida, montado sobre enormes linhas de madeira, estava comprometido. Em alguns lugares, havia buracos de aproximadamente um metro de profundidade. Os visitantes corriam o risco de cair nas "crateras". Algumas delas estavam sendo encobertas pelos móveis. Noutras, o jeito foi interditar as salas. Agora, o piso está sendo recuperado com o mesmo material.

Toda a arquitetura original, de estilo barroco, também está sendo preservada. Embora não seja uma obra de restauro, como a realizada no Chalé da Pedra (que em breve será transformado no Memorial Rachel de Queiroz) o imóvel, adquirido pelo Município em 1983, continuará com suas características originais, assegura a coordenadora. Para ela, a iniciativa é uma importante prova da preocupação com a identidade histórica de seu povo.

O Museu Jacinto de Sousa é um dos 29 do Estado e dos 17 do Interior cadastrados no Sistema Nacional de Museus. Segundo Maria Prima, também é o mais visitado do Sertão Central. Além dos turistas, caravanas escolares de todas as regiões e até de Estados vizinhos apreciam o museu. A média anual é superior a 4 mil visitantes.

O velho projetor cinematográfico é a peça mais admirada pelos jovens. A reprodução do quarto onde o presidente cearense Humberto de Alencar Castelo Branco dormiu sua última noite, na Casa de Repouso São José, também chama a atenção. No fim de 2008, técnicos do Museu do Ceará e acadêmicos de História da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc) fizeram o inventário do acervo do Museu de Quixadá. Ao todo, foram catalogadas 1.335 peças. Algumas delas muito raras, como um alicate de extrair dentes de escravos. Todo esse material estará exposto novamente ao público na abertura da Semana do Museu, durante as comemorações do aniversário de Quixadá. Na programação, exposições, exibições videográficas, palestras, performances teatrais e visitas guiadas.

O articulador cultural Gladson Martins, com mais de 20 anos de militância artística nas áreas do teatro, cinema e gestão, foi um dos principais responsáveis pelo processo de valorização da história do Museu de Quixadá. Coube a ele sistematizar e adaptar o equipamento a uma nova função social. Era preciso atrair o público. "Identificamos que parte da nossa população nunca havia visitado o nosso museu. Resolvemos abri-lo até às 17 horas e também aos sábados e domingos. Com as mudanças, surgiu o interesse da população local", explica.

Para Gladson Martins, nos últimos anos os museus estão ganhando papel de destaque na vida das cidades. Não apenas como espaço de salvaguarda da memória histórica material, mas também como instrumento interlocutor entre as velhas, atuais e futuras gerações.

O projetor de cinema com mais de duas toneladas é um exemplo dessa proposta. Para entenderem a importância da evolução tecnológica, a velha peça metálica é um interessante modelo de comparação. Acostumados com DVDs e aparelhos cada vez menores, a nova geração fica impressionada. Outros terão a mesma oportunidade, em breve.

A coordenação do Museu Jacinto de Sousa ainda não definiu a data específica de abertura para visitação, mas quando estiver funcionando novamente, o público poderá visitá-lo de terça a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Nos sábados e domingos, das 8h ao meio-dia. Para conhecer todo o acervo, é necessário pelo menos uma hora e meia. Portanto, antes de conhecerem as outras atrações turísticas da "Terra dos Monólitos", os turistas devem parar primeiro na Praça da Estação, onde o museu está situado.

FIQUE POR DENTRO 

Artista da terra

Jacinto de Sousa foi um dos maiores artistas plásticos do Ceará. Apesar de não possuir aprendizado formal em artes, dedicou-se à fotografia, pintura e escultura. Dentre as suas obras mais importantes se destacam o busto da Princesa Isabel, em Redenção, o "Monumento ao Trabalhador Livre", na Praça da Estação de Quixadá e o "Cristo Crucificado", obra exposta no museu municipal, que recebeu o seu nome em 11 de agosto de 2000. O escultor nasceu aos 3 de julho de 1896, em Quixadá. Ele morreu em 29 de janeiro de 1941.

MAIS INFORMAÇÕES

Museu Jacinto de Sousa
Reabertura no dia 27 de outubro
Quixadá (CE)
(88) 3414.5942

Alex Pimentel
Colaborador (Texto/Fotos)