Mostra aproxima práticas acadêmicas do público

Escrito por Marcelino Júnior - Colaborador ,
Legenda: A mostra, gratuita, reúne, em três dias de exposições acadêmicos e apreciadores do audiovisual Foto: Marcelino Júnior
Foto: Foto: Marcelino Júnior

Sobral. Foi por meio de uma pesquisa de campo, nos bairros periféricos de Sobral, na região Norte do Estado, que a estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Ana Kelia Viana, mergulhou fundo no cotidiano dos jovens que fazem do Rap, não apenas um meio artístico de expressão social, mas também uma forma de abordar as diferenças e desigualdades, às quais suas comunidades estão sujeitas, em todas as esferas.

O discurso rítmico, surgido no fim do século XX, entre as comunidades negras dos Estados Unidos, se disseminou mundo afora, alcançando um público de culturas variadas, mas de mesmo apelo por visibilidade.

Movida pelo trabalho acadêmico, a estudante escolheu como instrumento o meio audiovisual para apresentar seu olhar sobre a cultura do Rap, em Sobral. "O meu olhar sobre essa realidade, eu apresento num documentário na Mostra Visualidades deste ano", explica a estudante, bastante conhecida na Visualidades, mostra de audiovisual promovida anualmente pelo Laboratório das Memórias e das Práticas Cotidianas (Labome) da UVA, em sua 9ª edição, apresentada entre os dias 5 e 7 deste mês, em diversas cidades da região, tendo um desdobramento no dia 14, no Rio de Janeiro, onde as exposições voltam ser apresentadas.

Organização

O Visualidades, articulação entre artes visuais e pesquisa acadêmica, realizada por meio de edital nacional, envolvendo quatro universidades, conta com obras locais, de 13 cidades da região Norte, entre elas Graça, Ibiapina, Forquilha e Viçosa do Ceará, além dos estados de Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, e de países como Argentina, Venezuela, EUA e Portugal. Neste ano, são apresentados 39 filmes e 14 fotografias, expostas gratuitamente para a comunidade. Os temas desenho, artes plásticas e instalações também têm espaço garantido na mostra.

"Acredito que, nacionalmente, não há nenhum evento com as características de articular cinco linguagens, sendo descentralizado, alcançando a periferia das cidades onde ele é apresentado. Nste ano, a cidade do Rio de Janeiro foi incorporada à mostra, por meio de articulação com o Programa Avançar de Cultura Contemporânea, ligado à Universidade Federal de lá, que faz parte da comissão organizadora. No próximo ano, a mostra será apresentada na cidade de Goiânia, promovendo uma maior interação com outras regiões do País", explica Nilson Almino de Freitas, coordenador do Labome.

Abertura

A programação será aberta, hoje, às 19h, por meio da conferência "Antropologia com imagens, etnografias de rua e coleções etnográficas", da professora Cornélia Eckert, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), no Auditório Milton Santos, do Centro de Ciências Humanas (CCH)/UVA, no Bairro Junco.

O Visualidades é um evento resultante de programa de extensão, capitaneado pelo Labome, que envolve atividades de formação e divulgação científica de trabalhos de pesquisa que expressem, com suporte visual, os seus resultados. Desde 2011 conta com apoio do edital Proext do Ministério da Educação (MEC).