Montanhismo para quem gosta de fortes emoções

Escrito por Redação ,
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A prática do montanhismo vem atraindo cada vez mais curiosos, que usam os monólitos para a prática

Quixadá. Quem preferir e gostar de enfrentar desafios, pode ir mais além. Para Kido Aranha e Gildo Perigoso, alguns dos desbravadores de um dos maiores conjuntos montanhosos do mundo, não basta só olhar, é preciso se aventurar. Tocar, explorar, escalar e dominar as rochas é uma agradável e radical opção. Subir a dedo, abrindo vias, torna o desafio ainda mais emocionante. Além da superação pessoal, o prazer de avistar o horizonte por novos ângulos compensa o esforço dessa interessante prática esportiva, o montanhismo.

Na opinião da dupla, o considerável número de blocos rochosos, de tamanhos e alturas variadas, transforma Quixadá numa espécie de "Meca" desse tipo de modalidade. Embora não estejam entre os mais altos, a quantidade e as características peculiares, muito próximas da área urbana, atraem esportistas de todos os cantos do planeta, como ocorre no X Ceará, uma competição internacional de voo livre, considerada a maior na modalidade cross country. "Sem os nossos monólitos não haveriam recordes mundiais nessa categoria. Não teriam de onde saltar", brincam os montanhistas.

José Gilmakis da Silva. Esse é o nome verdadeiro de Kido Aranha. O pseudônimo surgiu por conta das primeiras escaladas, quando ainda utilizava cipós para dar suporte na exploração dos paredões rochosos. A forma como subia lembra o inseto da família dos antrópodes, de pernas longas, da classe dos aracnídeos, capaz de grudar suas patas a qualquer superfície e se mover com facilidade. Ele recebeu o título dos amigos. Acabou aceitando e o nome "pegou". O jeito continua o mesmo.

Quanto a Gildo, o Perigoso, vem do avô. Segundo ele, gostava do cangaço. O interesse levou o nome para o batismo do pai. Mas assim como o companheiro de escaladas, detesta violência. Diverte-se mesmo com outro tipo de "perigo": desbravar as trilhas e alcançar o topo de qualquer serrote que surgir em frente. Ele e o amigo ensinam a experiência conquistada ao longo dos anos a quem estiver interessado. Com os equipamentos certos, técnicas adequadas e um bom condicionamento físico, a prática se torna viável.

Empolgado também está o estudante do terceiro semestre de Turismo, Josemir Oliveira. Ele não imaginava se deparar com uma opção tão interessante. Sentir-se como um verdadeiro aventureiro. Para ele, a experiência foi surpreendente. Percebeu com o aprendizado uma interessante oportunidade de negócio. Ninguém mais se satisfaz em conhecer apenas os pontos turísticos de sua terra natal, é preciso encontrar opções.

"Essa é justamente a nossa proposta como instrumento de formação e articulação", enfatiza a analista do Sebrae Quixadá, Adriana de Melo. Para ela, as potencialidades existem e o turismo de aventura, associado aos esportes, é, com certeza, uma economia emergente. A cidade tem essas prerrogativas, mas é preciso ter a visão empreendedora e investir. Os jovens podem se transformar na vanguarda dessa nova economia para a região.

Buscando o fortalecimento desse nicho de mercado, a XX Feira de Negócios da Região Centro do Estado (Fenerce), a ser realizada de 5 a 7 de novembro em Quixadá, contará com a participação de 10 agências de turismo, com parceria formada com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). Segundo a analista, um espaço especial será destinado ao setor no tradicional encontro.

Respeito

"Nossa terra foi abençoada pela natureza. Sabemos aproveitar e respeitar o que ela oferece"

Kido Aranha
Montanhista

"A cada dia descobrimos mais novidades por aqui. Para compartilhar, é preciso se aventurar"

Gildo Perigoso
Montanhista

TURISMO DE AVENTURA
Atividade como negócio

Quixadá A riqueza geográfica de um lugar pode funcionar como uma imensa vitrine. Associá-la a um empreendimento econômico é apenas uma questão de aproveitar, criar e viabilizar os mecanismos ideais. A Terra dos Monólitos possui essas ferramentas. Todavia, organização e planejamento são fundamentais. Pensando na exploração de seus elementos naturais, como suporte comercial para o segmento turístico, o escritório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae), em Quixadá, tem investido na capacitação de profissionais do setor.

Alunos e recém-graduados em Turismo pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFCT) estão contando com essa oportunidade. Associado ao traking (trilhas), o montanhismo pode ser um atrativo a mais para quem procura diversão na "Terra da Aventura". Um pouco diferente das arriscadas escaladas, com a utilização de cordas especiais podem subir e descer com os visitantes na maioria deles. Com o auxílio de um profissional experiente, a tarefa se torna muito fácil, praticamente sem esforço físico.

Para quem passa o dia, o mês e até o ano inteiro sentado diante de uma mesa de escritório, a oportunidade pode se transformar numa inesquecível realização pessoal. Enfrentar uma selva de verdade e chegar ao topo de um monte, como Rosier Alexandre, um dos maiores montanhistas do mundo, com certeza é uma façanha incrível. Essa é a aposta do Sebrae no fortalecimento do negócio de aventura. Com uma boa consultoria, a atividade, ainda tímida, pode finalmente deslanchar.

E nada como o próprio Rosier Alexandre para ensinar os segredos da pratica esportiva, difundida no Brasil a partir da primeira metade do século XIX, quando já eram registradas subidas na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro. Além da experiência adquirida por meio de várias conquistas internacionais, escalando alguns dos maiores picos do mundo, ele se especializou em marketing. Presta consultoria em Ecoturtismo e Turismo de Aventura. Assim como o Sebrae, ele aposta na potencialidade regional, nos incríveis Monólitos de Quixadá, como define a paisagem local.

Formada recentemente, Adriana de Melo, analista do Sebrae Quixadá, encontrou na oportunidade mais uma forma de exploração do promissor mercado turístico. Para ela e outros 19 colegas, a chance praticamente desceu de rapel. Um curso desses não custa menos de R$ 2,5 mil. A parceria entre o Sebrae e o IFCT de Quixadá surge como um significativo estímulo. Agora, além da orientação turística, adrenalina. Outra opção apontada por ela é a formação de uma cooperativa de turismo para a cidade.

Enquete
Você acha o turismo de aventura um bom negócio?

"Prefeito é para quatro anos. Empresário, não. É preciso despertar o interesse para esse promissor negócio"
Rosier Alexandre
40 ANOS
Consultor

"Temos aqui uma enorme loja de produtos naturais. Saber como utilizá-los é uma ótima forma de consolidar o turismo"
Josemir Oliveira
19 ANOS
Aluno de Turismo

ALEX PIMENTEL
COLABORADOR