Exposição conta história do industrial Eliseu Batista Rolim

Escrito por Redação ,
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A mostra reúne fotos e documentos da família do empresário que contribuiu para o crescimento de Orós

Orós. Um pouco da história de vida do industrial Eliseu Batista Rolim pode ser vista em exposição que a Associação de Preservação Histórico-Cultural Pedro Augusto Neto, de Orós, promove até o próximo dia 7 de junho. A mostra reúne seis painéis com fotos e documentos sobre o empresário, momentos com a família e o desenvolvimento da indústria Eliba de beneficiamento de algodão, fabricação de óleo vegetal, margarina e sabão, que na década de 1970 chegou a ser uma das maiores do Nordeste.

Sob o tema “Exposição biográfica de fotos e objetos de Eliseu Batista Rolim”, a exposição promovida pela Associação Cultural de Orós faz parte das comemorações da 7ª Semana Nacional de Museus, que aconteceu neste mês de maio. Eliseu Batista foi um dos maiores empresários do Ceará, homem de visão, simples, dedicado à família e ao trabalho.

A sua vida confunde-se com a história do município de Orós, que se desenvolveu a partir do empreendimento industrial instalado em 1947, quando ainda era uma vila pertencente à Icó. Eliseu Batista morreu em 2001, aos 88 anos de idade, ainda ativo e trabalhando diariamente na empresa.

O visitante tem a oportunidade de conhecer, por meio de fotos e textos, aspectos da biografia do industrial Eliseu Batista, que exerceu, em dois mandatos distintos, o cargo de prefeito. Momentos de confraternização com a família, documentos pessoais e da indústria Eliba. Há algumas fichas de antigos empregados, mostra de produtos e objetos pertencentes à empresa e ao empresário, que foram cedidos pela família do homenageado.

Uma série de fotos revela aspectos de funcionamento da unidade fabril, desde o descarroçamento de algodão até a produção de fios, pluma e de óleos vegetais e sabão.

História de Orós

A mostra é um verdadeiro passeio pela história de Orós, o seu desenvolvimento a partir do empreendimento industrial. “Eliseu Batista foi um dos maiores nomes de sua época, cuja história empresarial, política e social promoveu e difundiu o município de Orós e o Estado do Ceará”, frisou a presidente da Associação Cultural e organizadora da exposição, Meirismar Augusto Paulino. “Foi um empreendedor que acreditou nas possibilidades que o algodão oferecia para o desenvolvimento do sertão”, contou.

A história iria demonstrar que Eliseu Batista estava certo. Quando em janeiro de 1947, decidiu explorar industrialmente o algodão e inaugurou a usina de beneficiamento para produção de pluma e descaroçamento, o sertão começava a viver os tempos áureos do “ouro branco”. O pico de produção e riqueza foi alcançado na década de 1970.

Pioneiro

Eliseu Batista acreditou em Orós e no algodão. Foi a partir da iniciativa pioneira do empresário que o lugar ganhou aspecto urbano e começou a crescer. Nascido na localidade de Feiticeiro, em Jaguaribe, Batista aos15 anos de idade, acompanhado da família, passou a morar em Orós. Começou a trabalhar como aprendiz de alfaiate. Em 1933, casou com Isaura Costa Rolim, com quem teve nove filhos.

No ano de 1941 firmou sociedade com o sogro, Alfredo Costa, e seis anos depois decidiu explorar industrialmente o algodão. Inicialmente, a unidade fazia o descaroçamento e extração da pluma. Depois, passou a fazer o beneficiamento do óleo bruto, que era vendido para indústria de produção de óleo comestível.

Na década de 1970 deu mais um passo e instalou uma unidade de refino e fabricação de óleo comestível, com a marca Salutar, margarina e gordura vegetal. Em seguida, começou a produzir o sabão Caboclo. Comercializava os produtos para o Nordeste e exportou algodão para países da Europa. “Comprava a produção de vários municípios da região”, lembra o filho, Wellington Rolim. “No período de pico, chegamos a beneficiar 20 milhões de quilos de algodão em caroço”, conta ele.

Lição de vida

Eliseu Batista deixou a lição de humildade, trabalhador incansável e, acima de tudo, mostrou que o sonho de transformar o sertão é possível. Ele acreditou em suas idéias e lutou por elas até o fim, como a construção do Açude Orós, inaugurado em 1961. Nos últimos anos de sua vida, defendia a implantação de uma estrada asfaltada ligando o município a Morada Nova e daí a Fortaleza. Será a futura rodovia Padre Cícero, já anunciada pelo Governo do Estado.

Em 28 de maio passado transcorreu-se o aniversário de 97 anos de nascimento de Eliseu Batista. “Era um homem de espírito público, empreendedor e com a devoção de servir”, observa Meirismar Paulino. O filho Wellington Rolim disse que se emocionou muito com a mostra fotográfica. “Trouxe grandes lembranças”, disse. “Para mim, o que mais marca a vida dele é a dedicação ao trabalho e à família”.

Atualmente, a usina reduziu suas atividades e a extração de caroço de algodão é de 10% em relação ao volume médio dos anos de 1970. De acordo com Wellington Rolim, gera 60 empregos e trabalha com a extração de óleo de algodão, oiticica e também mamona.

Honório Barbosa
Repórter


Mais informações:
Associação de Preservação Cultural de Orós
Pedro Augusto Netto
Rua 1º de Setembro, 83
(88) 3584.1250
(88) 9927.4689

LEMBRANÇA

Eliseu Batista foi um empresário pioneiro, cuja história de vida merece ser revista e enaltecida´
Meirismar Paulino
Organizadora da mostra

Ficamos emocionados com a mostra, que traz boas e grandes lembranças da vida do nosso pai´
Wellington Rolim
Empresário

Não conhecia a história da usina e do empresário, mas agora fiquei admirada com o trabalho dele´
Ana Costa Silva
Estudante

Essa exposição nos faz lembrar um pouco da nossa história, da riqueza que era cidade de Orós com a usina´
Mary Almeida
Agente de saúde