Especialistas emitem laudo técnico durante visita à zoológico

Membros da Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS) estiveram no Zoológico de Canindé, onde vivem dois ursos-pardos-siberianos, para atestarem se o local tem capacidade de abrigar os animais

Escrito por André Costa , andre.costa@diariodonordeste.com.br
Legenda: O Zoológico São Francisco de Canindé precisa emitir um novo laudo técnico veterinário para a transferência dos animais.
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Após a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) emitir parecer técnico, no fim de novembro, indicando que o Zoológico São Francisco de Canindé, onde vivem dois ursos-pardos-siberianos, cumpre oito dos 12 critérios de análises previstos na Instrução Normativa do Ibama que trata do acondicionamento de animais do gênero, membros da Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS) do Conselho Federal, estiveram na instituição com intuito de produzirem um laudo técnico a ser enviado para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado e Conselho Federal e Medicina Veterinária.

Após a conclusão do documento, os órgãos determinarão se o zoológico possui ou não condições adequadas de abrigar o casal de ursos.

A comissão permaneceu na instituição por quase seis horas. Durante a visita técnica, foram coletados dados e analisados diversos pontos de forma "criteriosa", conforme detalhou o presidente da CNAS, Francisco Edson Gomes. O médico veterinário explicou que fatores como ambientação dos animais, espaço, dieta e instalações foram observados.

"O ambiente está bem estruturado. Com equipe composta por médicos, biólogos e zootecnistas. As instalações estão adequadas e a alimentação dos animais segue uma dieta diversificada", adiantou o presidente da comissão.

"Os animais estão bem. Já estão lá há bastante tempo, estão adaptados e apresentam um bom comportamento", afirma Francisco Edson. O perito acredita que os animais têm "plenas condições" de permanecerem no zoológico de Canindé, dado seus históricos e a adaptação.

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O zootecnista Fernando Henrique Petroni, ressaltou, no entanto, que alguns fatores podem ser melhorados. "A ampliação do espaço físico, bem como a melhoria da ambientação, com implantação de rochas, troncos, caixas de areias e etc, serão aconselhados ao zoológico", destacou Petroni.

Clima

As altas temperaturas registradas no semiárido, que motivaram a ativista Luisa Mell a fazer uma campanha nas redes sociais, no fim de setembro, para que os dois ursos-pardos, batizados de Dimas e Kátia, fossem transferidos ao Rancho dos Gnomos, uma associação de bem-estar de animais em Cotia, Interior de São Paulo, que abriga espécies de climas frios, foram minimizadas pelos membros da CNAS.

Fernando Petroni explicou que o campo científico interdisciplinar que observa o impacto da temperatura nos animais é a bioclimatologia. Essa análise, conforme ele, não apontou stress de calor nos animais.

"Durante o tempo em que estivemos na instituição, nenhum comportamento dos animais denotou que eles não estivessem adaptados ao clima", reforçou. A razão, segundo Petroni, deve-se à distribuição geográfica na qual ursos são encontrados. "Trata-se de um animal que pode ser encontrado em vários locais do mundo. Eles se adaptam a climas diferenciados", pontua o especialista.

Ambos avaliaram o local de "forma positiva". Ainda assim, Petroni observa que "é prudente deixar explícito que nosso laudo não vai determinar se os ursos devem permanecer no local ou serem transferidos. Essa decisão caberá aos órgãos competentes". O laudo deve ser concluído até o início da próxima semana.

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