Dnocs começa a implantar mais três adutoras no Interior

As novas adutoras vão atender Limoeiro do Norte, Tabuleiro do Norte, no Jaguaribe; e Catarina, nos Inhamuns

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: O Açude Vieirão, que abastecia a cidade de Boa Viagem, secou desde 2015 e os operários fazem poços no leito do reservatório em busca da última gota de água
Foto: Fotos: Honório Barbosa

Iguatu. O Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) começou, neste mês, a implantação de três Adutoras de Montagem Rápida (AMRs) no Interior do Ceará, em caráter emergencial, que vão atender às cidades de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe; e Catarina, nos Inhamuns. No total, serão atendidos 95 mil moradores e investidos mais de R$ 33 milhões. O prazo de conclusão dos serviços é de seis meses.

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Outra adutora deveria também ser instalada na cidade de Boa Viagem, que há mais de três anos enfrenta uma das piores situações de desabastecimento, desde quando o Açude Vieirão secou. O Dnocs informou, entretanto, que a obra ainda não começou por causa de um problema orçamentário, mas que o órgão tenta obter recursos no Ministério da Integração Nacional o quanto antes por se tratar de um serviço emergencial.

A cidade de Boa Viagem enfrenta grave problema de desabastecimento há mais de três anos. A água que chega à cidade vem por carros-pipa, captada no Açude Arneiroz II distante mais de 100Km e é despejada em cisternas instaladas em esquinas da cidade. Os moradores e os técnicos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) mostraram preocupação com o anúncio do Dnocs de que não há previsão de início da obra da adutora, que poderia aliviar a falta do recurso hídrico para as famílias. O Açude Vieirão secou desde 2015 e os operários fazem poços no leito do reservatório em busca da última gota de água.

É cada vez mais grave a escassez de água em cidades do Interior cearense de uma forma geral. As principais fontes de água, que são os açudes, secaram ou estão secando, após seis anos seguidos sem reposição de suas reservas. As famílias dependem de carros-pipa, que retiram água em outros reservatórios mais distantes, na maioria das vezes, com água sem qualidade para o consumo humano, ou em poços perfurados em áreas rurais.

Recursos escassos

A cidade de Catarina fica localizada em uma serra na região dos Inhamuns e, desde 2016, sofre com a escassez de água. O Açude Rivaldo de Carvalho (São Gonçalo) secou e outros pequenos reservatórios também seguiram o mesmo ritmo. Mais de 11 mil moradores do centro urbano sofrem com a crise hídrica. As famílias passaram a depender de água distribuída por carros-pipa e por chafariz, oriunda de poços com vazão mínima.

O início dos serviços de limpeza de terreno e de terraplanagem para instalação da AMR foi um alívio para os moradores. "Essa obra é esperada por todos, é sonho que se começa a tornar realidade", frisou o prefeito de Catarina, Dr. Thiago Paes de Andrade Rodrigues. "Esperamos que dê certo e traga água para a cidade, acabando com o sofrimento da população".

A obra deve ser concluída em seis meses e foi iniciada no último dia 11, com limpeza do local de assentamento da tubulação, o levantamento topográfico e a instalação do canteiro de obras. A empresa Santa Rita, em São Paulo, fabricante dos tubos galvanizados da adutora, já enviou a primeira remessa dos dutos.

No ano passado, moradores realizaram protestos na cidade de Catarina contra a escassez e a má qualidade de água fornecida pela Cagece. "Precisamos dessa adutora o mais rápido", disse a comerciária Marlene Monteiro. A cidade vem sendo abastecida por meio de quatro chafarizes montados pela Prefeitura e de dois carros-pipa que abastecem os bairros afastados do Centro.

Dos quatro poços profundos injetados na rede da adutora que abasteciam a cidade de Catarina, três secaram e já foram desligados e apenas um poço, com pouca vazão, continua injetado na adutora. A Cagece suspendeu a cobrança da taxa de água e esgoto. O governo do Estado autorizou a perfuração de mais dez poços profundos para a cidade e dez poços para a zona rural.

Baixo Jaguaribe

As cidade de Limoeiro do Norte e de Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, também serão beneficiadas com instalação de Adutora de Montagem Rápida. A obra, segundo o Dnocs, foi iniciada no último dia 12. Os tubos de aço já começaram a ser entregues no trecho da obra. Os operários trabalham na limpeza do local de assentamento dos canos, levantamento topográfico e a instalação do canteiro de obras.

As cidades localizadas no Médio e Baixo Jaguaribe eram abastecidas por água oriunda do Açude Castanhão, o maior do Estado, mas que está secando. Atualmente, acumula apenas 2,3% de sua capacidade. O recurso hídrico liberado pelo reservatório, que um dia já foi um "mar de água doce" no sertão cearense está se exaurindo e não tem mais como chegar até Russas, escorrendo pelo leito natural do Rio Jaguaribe, enfrentando bancos de areia, buracos, barreiras artificiais e desvios.

Os técnicos dos sistemas de captação, tratamento e distribuição de água de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte fazem esforço, manobras para manter o atendimento à população, mas há cada vez mais dificuldades e necessidade de rodízio no fornecimento do recurso hídrico. "A gente nunca imaginava que um dia o Castanhão iria secar", observou o produtor rural Manoel Campos, de Tabuleiro do Norte. "Se não chover bem neste ano, o desastre será total".

Fique por dentro

AMRs vão servir a 94 mil

A Adutora de Catarina terá uma extensão de 49,4 quilômetros, entre a localidade de Cachoeira de Fora, em Arneiroz, e a Estação de Tratamento de Água (ETA) da cidade. Serão investidos na obra R$ 20,9 milhões de reais e a adutora terá uma extensão de 40 quilômetros, beneficiando 11 mil moradores, num prazo de seis meses. O Açude Arneiroz II será a fonte de água, que já atende à cidade de Tauá. Atualmente, o reservatório está com 9% de sua capacidade que é de 187 milhões de metros cúbicos de água.

A adutora que vai atender as cidades de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte, terá como fonte de captação de água o Açude Curral Velho, no município de Morada Nova, que está com 44% de sua capacidade que é de 12 milhões de metros cúbicos. São 40 quilômetros de extensão. Serão investidos R$ 20,9 milhões. Deverão ser beneficiados 83 mil moradores.

Desde o início da crise de escassez de chuva, em 2012, o governo do Estado implantou 31 AMRs. O Dnocs tem o desafio de implantar 12.