Colisão com carcará cancela voo de Juazeiro a Fortaleza

Os passageiros levaram um grande susto e precisaram ser reacomodados em voos posteriores

Escrito por Antonio Rodrigues - Colaborador ,

Juazeiro do Norte. Os passageiros do voo O6 6376 tomaram um susto, na manhã de ontem (15), logo após decolar do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, às 8h25. O destino era Fortaleza. A aeronave, da empresa aérea Avianca Brasil, colidiu com um carcará (caracara plancus), que foi sugado pela turbina. Logo após atingir a ave, o avião começou a tremer e o piloto optou por pousá-lo em seguida. Em 2018, cinco colisões com animais foram registradas no espaço aéreo do Município.

Segundo os passageiros, pouco depois da decolagem, o avião começou a vibrar e não conseguia alcançar a altura e a velocidade normais. "Com 10 minutos de voo, ele anunciou que retornaria porque teve um problema no motor. De imediato, não disse o que tinha acontecido, mas, conforme o avião começou a balançar, ele informou que tinha sido uma ave que foi pega na turbina", descreve um passageiro.

Segundo o Sistema de Gerenciamento de Risco Aviário (Sigra), responsável pelos registros de colisão com aves no espaço aéreo brasileiro, o pouso foi feito por precaução, mas o motor não teve danos. Conforme a empresa área, o procedimento foi realizado normalmente e os 91 passageiros ficaram em um hotel até serem reacomodados no voos seguintes para a capital cearense, que partiram na mesma noite e na manhã de hoje (15).

Por conta da retenção do avião para inspeção, o voo O6 6373, saindo de Fortaleza com destino a Guarulhos, em São Paulo, foi cancelado. A Companhia disse, em nota, que ofereceu o atendimento aos passageiros e reacomodando-os nas próximas saídas para a capital paulista. Ainda no comunicado, a Avianca Brasil lamentou o desconforto causado aos clientes e ressaltou que a segurança de seus passageiros e colaboradores é sua principal prioridade.

Incidentes são comuns

Colisões entre aeronaves e fauna, principalmente aves, conhecidas no Brasil como "risco de fauna", são o tipo de incidente mais repetitivo na aviação mundial e representam hoje uma das maiores preocupações para o setor aéreo.

Eventos desta natureza já vitimaram mais de 470 pessoas e custam aproximadamente US$ 3 bilhões anualmente. Uma das grandes dificuldades para atuar na mitigação deste problema é a baixa porcentagem de colisões reportadas ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), apenas 31,71%.

No caso de ontem, o carcará tinha entre 751 centímetros a 1,5 metro, tamanho considerada grande pelo Órgão. No entanto, outras quatro colisões já aconteceram no espaço aéreo de Juazeiro do Norte, apenas em 2018. Estes incidentes envolveram a mesma espécie e três quero-queros. No caso do Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes, logo após a pista de decolagem, há um riacho corta o bairro Brejo Seco, que pode atrair as duas espécies.

Além das colisões, o Sistema de Gerenciamento de risco aviário também registra avistamento de animais e quase colisões. Ano passado, na Terra do Padre Cícero, houve 54 registros e, destes, 24 são colisões, mas nenhuma delas danificou a nave ou foi necessária algum pouso de emergência. Os incidentes acontecem em diferentes fases do voo, como pouso, aproximação e decolagem, mas também com animais terrestres, durante o estacionamento, o táxi e a revisão da pista, por exemplo.

No entanto, os 54 registros e, destes, 24 colisões podem parecer altos, se comparados a Fortaleza. Na capital cearense, que teve 52.290 pousos e decolagens, em 2017, aconteceram 37 colisões com animais. Juazeiro do Norte, que possui um número de voos seis vezes menor, 8.710, alcança mais da metade do registro de incidentes. Se somados os avistamentos e quase colisões, o Aeroporto Pinto Martins teve 57 registros, no ano passado, apenas três a mais que o Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes.