Colina do Horto tem réplica em Quincuncá

Escrito por Redação ,
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A devoção ao Padre Cícero sobe a serra em Farias Brito, na mais autêntica manifestação de religiosidade popular

Farias Brito.
A serra do Horto, em Juazeiro do Norte, onde está localizada a estátua do Padre Cícero, tem uma réplica. Moradores de serra de Quincuncá, município de Farias Brito, ergueram uma estátua do “Cearense do Século” no topo da serra de onde se avista todo o vale e a própria cidade, como acontece em Juazeiro do Norte.

Ao lado, surgiu um povoado formado por devotos do “Padim” que subiram à serra na perspectiva mística de que foram escolhidos para morar naquela localidade, onde um dia o Padre Cícero subiu para marcar o local de um cemitério. Uma cruz de madeira e uma casa onde são depositados ex-votos complementam o cenário.

Em cada peça dos ex-votos, modelados secularmente em barro ou esculpidos em madeira, está a expressão da fé por uma graça recebida. É devoção ao Padre Cícero que sobe à montanha, na mais autêntica e simples manifestação de religiosidade popular.

Lenda

A escolha do local para erguer a estátua tem uma origem mística. Está relacionada com a lenda da Pedra da Batateira, uma maldição deixada pelos índios Cariri. Segundo ela, um dia a Pedra da Batateira seria deslocada e o Cariri seria inundado pelas águas que jorram da fonte.

O professor Eldinho Pereira conta que entre 1901 e 1904, Padre Cícero foi à Serra do Quincuncá, atendendo a um convite de moradores do povoado de Araticum. O motivo dessa visita sacerdotal era escolher e benzer o terreno do futuro cemitério local.

Voltando de Araticum, Padre Cícero teria parado no alto da ladeira para descansar um pouco e, refletindo sobre a geografia da região, concluiu algo importante. Uma vez afundada a Pedra da Batateira e inundadas todas as áreas baixas, a Colina do Horto, mais tarde transformada em santuário religioso de Juazeiro do Norte, seria um bom porto. Já a Serra do Quincuncá, no município de Farias Brito, seria outro.

História

Eldinho, que nasceu na serra do Quincuncá, lembra que, em função da crença na lenda da Pedra da Batateira e dessa visita do Padre Cícero ao povoado, durante longo período, muitos habitantes da serra tiveram receio de transferir suas residências para a cidade situada abaixo, porque a mesma seria inundada.

No final da década de 1970, o alto da ladeira recebeu uma estátua encomendada pelo ex-prefeito João Antero da Silva, transformando-se em local de festivas romarias, ocorridas sempre nos “dias 20” de cada mês, data da morte do padre. Nessas manifestações de fé, muitos romeiros chegavam entoando benditos, enquanto outros acendiam velas ou queimavam fogos que eram ouvidos de localidades bem distantes.

Já na década de 80, ocorreram também missas celebradas pelo então vigário de Farias Brito, padre José Wilton Leite. O espaço utilizado pelos devotos ficava repleto de gente, caminhonetes e caminhões, recorda. Atualmente, o local é denominado serra do Padre Cícero e, na condição de lugar sagrado, continua a receber alguns visitantes e moradores.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter


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