Classificado novo fóssil achado na Bacia do Araripe

Escrito por Redação ,
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A pedra encontrada na chapada do Araripe é classificada e homenageia ex-reitora da Urca, professora Violeta Arraes

Crato. Um novo achado fóssil da Chapada do Araripe, recentemente classificado pelos pesquisadores do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Gustavo Ribeiro de Oliveira e Alexander Kellner, recebeu o nome de Caririemys violetae.

A informação consta de artigo publicado na revista “Zootaxa” 1425, número de fevereiro de 2007, páginas 53–61. O site para pesquisar é o www.mapress.com/zootaxa/. No artigo, os autores explicam a etimologia da nova classificação do fóssil: Cariri, em alusão à cidade de Santana do Cariri, onde a maioria dos fósseis do Membro Romualdo é encontrada; e emys, do grego, tartaruga. O nome específico, violetae, homenageia Violeta Arraes de Alencar Gervaiseau, ex-reitora da Universidade Regional do Cariri, que patrocinou estudos paleontológicos na região fossilífera à época em que administrou a Urca (1996/2003).O espécime foi preservado num nódulo calcário, típico do Membro Romualdo (Formação Santana), encontrado na região de Santana do Cariri.

Segundo os pesquisadores Gustavo Ribeiro de Oliveira e Alexander Kellner, a nova espécie de tartaruga, do Membro Romualdo, é o quinto gênero de tartaruga deste depósito classificada. O fóssil encontra-se no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), registrado sob o número mn6919-v.

O geólogo Francisco Indalécio de Freitas, da Universidade Regional do Cariri, que acompanhou o paleontólogo Alexander Kellner nos seus trabalhos de pesquisa no Cariri, informou que a tartaruga foi encontrada há cerca de dois anos. Entretanto, somente agora foi concluída a sua classificação. “É um trabalho demorado que exige laboratórios especializados. Infelizmente, o laboratório da Urca não dispõe dos recursos necessários para este tipo de pesquisa”, lamenta Indalécio, acrescentando, por outro lado que o fóssil, agora devidamente classificado, permanecerá no Museu de Paleontologia do Rio de Janeiro.

A Urca, no entanto, explica ele, poderá reivindicar um holótipo, isto é, uma réplica, feita em resina do fóssil. Para Indalécio, a retirada do fóssil não causa nenhum prejuízo à região. O importante, segundo afirmou , é a classificação, que dá outra dimensão ao achado e maior divulgação da maior reserva fossilífera do Brasil. Indalécio esclarece que o material foi retirado legalmente da região. Kellner é um pesquisador de grande conceito.

Entre suas descobertas principais está o dinossauro carnívoro Santana raptor, com o tecido mole mais bem preservado de que se tem notícia, incluindo fibras musculares e parte do sistema capilar fossilizado, além do réptil voador Thalassodromeus sethi, que permitiu o estabelecimento de novas hipóteses a respeito de aspectos fisiológicos dos pterossauros. Kellner participou da descoberta e descrição de 19 novas espécies de vertebrados fósseis e publicoumais de 80 estudos inéditos em periódicos nacionais e internacionais. Ao todo, conta com 270 publicações, entre artigos de periódicos, capítulos de livros, resumos e artigos de divulgação científica.

Do ponto de vista arqueológico, a exploração de fósseis, segundo Indalécio, não causa danos nos locais da escavações. As chamadas pedras de peixe são encontradas com facilidade nos sítios fossiliferos do Cariri, localizados em Santana do Cariri, Porteiras, Jardim, Missão Velha e Porteiras. Os fósseis são importantes fontes de informações para os estudos. Formados há milhões de anos, são registros do passado que podem mostrar como foi à vida e o meio ambiente num tempo muito distante.

No entanto, a maior preocupação é com o acervo deixado pelo homem como, por exemplo, ossos, restos de fogueiras, pinturas rupestres, ruínas, textos antigos, objetos de cerâmica, entre outros, podem ser analisados e fornecer informações sobre o passado. Estes vestígios, também chamados de documentos históricos, podem ser escritos ou não-escritos.

Os pesquisadores fazem seus estudos e suas investigações neste espaço, escavando com muito cuidado, para não quebrar peças importantes ou mesmo misturá-las.

O historiador Armando Lopes Rafael diz que a posição em que os objetos são encontrados é de fundamental importância para a reconstituição da época. Desta forma, os cientistas anotam as posições e condições em que estes fragmentos foram encontrados para serem analisados com mais rigor em laboratórios e museus.

O historiador avalia que o berço da paleontologia do Brasil é a região da Bacia Sedimentar do Araripe, graças à primeira publicação com relato e desenho de um fóssil brasileiro, publicado no livro “Viagem pelo Brasil” (Reise in Brasilien), editado entre 1823 e 1831, de autoria dos naturalistas Johann Baptist Von Spix e Karl Friedrich Philipp von Martius. Ambos chegaram ao Brasil na segunda década do Século XIX, para efetuar pesquisas sobre o contrato de casamento entre dona Leopoldina com D. Pedro, depois imperador do Brasil.

ANTÔNIO VICELMO
Repórter