Chuvas elevam volume do Castanhão aos 5,01%

A Funceme registrou, entre as 7h de terça-feira e 7h de ontem, chuva em 93 municípios

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: No dia 4 de fevereiro, o Castanhão atingiu a cota mais baixa, 2,21%. De lá para cá, subiu 2.8%, cerca de 200 mi de m³. Ainda é um acréscimo reduzido
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Iguatu. O Castanhão, maior reservatório do Ceará, deixou, no início desta semana, o volume morto e ontem chegou a 5,01%. A tendência é de continuidade de aumento da reserva hídrica, pelo menos até o fim desta semana, por causa da cheia do Rio Jaguaribe, com lâmina de 60cm na passagem molhada da velha Jaguaribara.

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou, entre as 7h de terça-feira e 7h de ontem, chuva em 93 municípios. As cinco maiores foram no Norte do Ceará, em Coreaú (133mm), Barroquinha (122.2mm), Santa Quitéria (112.5mm), Granja (105mm) e Ibiapina (98mm). Também choveu em todos os municípios da Ibiapaba, Litoral do Pecém, Litoral Norte e Maciço do Baturité. Por outro lado, não houve registro em nenhuma das 18 cidades do Cariri, onde fica a cabeceira do Rio Salgado.

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Previsão

Para hoje, a Funceme prevê possibilidade de chuva no Centro-Norte do Estado e para amanhã nebulosidade variável e chance de chuva em todas as regiões. A aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema indutor de chuvas no Ceará, entre fevereiro e maio, trouxe precipitações intensas a vários municípios desde a semana passada.

O Rio Salgado, principal afluente do Rio Jaguaribe, registrou a segunda cheia deste ano no início desta semana. Ontem, em Lavras da Mangabeira, a passagem molhada que dá acesso ao centro urbano, assinalou maior nível desde 2012. O mesmo ocorreu sob a ponte Piquet Carneiro, em Icó. A água do Salgado segue em direção ao Rio Jaguaribe, onde deságua em Icó e daí para Jaguaribe e Jaguaribara, onde atinge a bacia do Castanhão. Na barragem de Santana, em Jaguaribe, o nível de sangria é de 50cm. Mais à frente, na passagem molhada da antiga Jaguaribara, chega a 60cm.

Alegria e precaução

O clima de contentamento é observado pelo coordenador do Complexo Castanhão, Fernando Pimentel. "O Rio Jaguaribe está de barreira a barreira na velha Jaguaribara, o nível do Castanhão vem aumentando a cada dia e acreditamos que a tendência é de continuar com o volume crescente porque estamos ainda na primeira quinzena de abril, que deverá ser um mês de boas chuvas", frisou.

Fernando Pimentel, em meio à euforia com a retomada de volume no Castanhão, observou que a população e as instituições têm responsabilidade para o uso racional da água. "O Castanhão estava no volume morto, havia o risco de desabastecimento ainda neste ano, mas agora não podemos cometer os erros do passado, é preciso o consumo responsável, priorizando o abastecimento humano".

Neste ano, o Castanhão já registrou um aumento 5,86m em sua coluna de água. Em 2017, entre 22 de fevereiro e 24 de abril, subiu apenas 2,04m. Ontem, o reservatório registrava 5,01%, com tendência a aumentar até o fim desta semana. A última vez que esteve neste índice foi em julho de 2017. No dia 4 de fevereiro, o Castanhão atingiu a cota mais baixa, 2,21%. De lá para cá, subiu 2.8%, cerca de 200 mi de m³. Ainda é um acréscimo reduzido, mas importante diante da crise hídrica que o Ceará enfrenta desde 2012 com perda sucessiva de suas reservas.

Aportes

A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) registra nos 155 açudes monitorados um volume médio de 10,3%. No início da atual quadra chuvosa, o nível médio era de 6,6%. "Toda água que chegar aos açudes é importante, porque estamos em um ano limite", frisou o presidente da Cogerh, João Lúcio Farias.

A Cogerh registrou ontem aportes em 95 açudes. O destaque foi para o São Vicente (Santana do Acaraú), que começou a sangrar. Há no momento 11 reservatórios em sangria. Outros seis estão com volume acima de 90% e 103 permanecem com nível inferior a 30%, sendo 30 no volume morto e 20 secos.