Castanhão já superou o último inverno em aporte

A quantidade de água do manancial, entretanto, ainda é crítica: é de apenas 3,43% da sua capacidade total

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,
Legenda: A água das chuvas na região do Cariri fez o caminho pelo Rio Salgado, passando por Aurora, Lavras da Mangabeira, Icó, onde desembocou no Rio Jaguaribe, seguiu por Jaguaribe e chegou à bacia do reservatório em Jaguaribara
Foto: Foto: Kid Júnior

Iguatu. O Açude Castanhão, o maior do Ceará, continua recebendo recarga do Rio Jaguaribe. O reservatório, neste ano, já aumentou 2,90 m e, ontem, registrava 3,43% de sua capacidade. Ainda é um reduzido volume, mas o aumento ocorrido nos últimos 15 dias renova a esperança de que a atual quadra chuvosa será marcada pelo fim do ciclo de seis anos seguidos de perda de reserva hídrica. De fevereiro até ontem, o manancial já pegou mais recarga que em toda a quadra chuvosa do ano passado.

O coordenador do Complexo Castanhão, Fernando Pimentel, mostra-se otimista. "Quero que no fim da atual quadra chuvosa cheguemos a 20m de coluna de água", frisou. "Desde a semana passada, a cada três dias, subiu um metro de água no reservatório". Para Pimentel, seria uma situação confortável para assegurar o abastecimento até o fim do ano o Castanhão alcançar o índice de pelo menos 20%.

Fernando Pimentel lembrou que, durante a quadra chuvosa de 2017, o Castanhão registrou um ganho de apenas 2,04 metros. "Neste ano, até ontem, foram 2,60 metros. Estamos bem melhor em comparação com o ano passado", observou. Em termos percentuais, em 2018, o reservatório já ganhou 1.35%.

Água do Cariri

A tendência é de continuidade de aumento do volume por causa do nível do Rio Jaguaribe que permanece elevado em Jaguaribara. A água oriunda das chuvas na região do Cariri fez o caminho pelo Rio Salgado, passando por Aurora, Lavras da Mangabeira, Icó, onde desembocou no Rio Jaguaribe, seguiu por Jaguaribe e chegou à bacia do reservatório em Jaguaribara para alegria dos moradores.

O Castanhão chegou ao volume de 2,08% no último dia 22 de fevereiro, o mais baixo de sua história, após conclusão e cheia em 2004. O nível começou a subir, lentamente, mas de forma contínua. No início deste mês registrou 2,45% e ontem, 3,43%. O volume ainda é reduzido e não deixa de trazer preocupação para o governo, produtores e moradores porque o Castanhão é o reservatório estratégico para o abastecimento de municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e do Médio e do Baixo Jaguaribe.

"A esperança é que o Castanhão continue recebendo água, tenha uma boa recarga, mas houve uma suspensão das chuvas no Cariri e na bacia do reservatório, nos últimos dias", observou o secretário Executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara.

O período significativo de chuvas no Ceará é muito curto. A própria quadra chuvosa (fevereiro a maio) apresenta intensas chuvas somente nos meses de março e abril. Em maio, a média histórica é de somente 90.6mm, isto é, bem menor do que em janeiro (98.7mm), que é um mês de pré-estação chuvosa.

A suspensão das chuvas neste início de março se for duradoura faz com que o nível da água baixe nos rios Salgado e Jaguaribe, exigindo intensas precipitações seguidas por três ou mais dias para ocorrer novas cheias em seus cursos de água.

Tranquilidade

O aumento do nível dos reservatórios que integram a Bacia Metropolitana traz uma certa tranquilidade para o abastecimento dos municípios da RMF até o fim deste ano. A água do Castanhão ficaria para seus usos múltiplos usos no Médio e Baixo Jaguaribe. Para ocorrer uma boa recarga, a expectativa fica mesmo para os meses de março e abril.

"Até o momento as chuvas favorecem o setor da agropecuária, formação de pastagem e plantio de grãos", observou Alcântara. "Pequenos açudes receberam recarga, mas os médios e grandes reservatórios, estratégicos, ainda carecem de um bom volume de água. "O que chegou até agora no Castanhão é irrisório mediante a demanda anual". De acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) até ontem, o mês de fevereiro passado registrou um volume médio de chuvas 54.3% acima do esperado para o período. Houve, portanto, um desvio positivo. A média de fevereiro é de 118.6mm e foram observados 183mm. Os dados são parciais.

Para este mês, são esperados 203.4mm. Até ontem, foram observados 33.3mm, um desvio negativo de 83.7%. "O início de março tem se caracterizado por redução das chuvas, mas esperamos que o quadro se modifique", observou o gerente regional da Ematerce, em Iguatu, Joaquim Virgulino Neto.

Açudes sangrando

Segundo a Companhia Gerenciamento dos Recursos Hídricos (Cogerh) há sete açudes sagrando. São eles: Caldeirões (Saboeiro); Itaúna (Granja); Tucunduba (Senador Sá); Germinal (Palmácia); Tijuquinha (Baturité); Barragem do Batalhão (Crateús) e Colina (Quiterianópolis). Há outros dois com possibilidade de sangria nos próximos dias: Maranguapinho (Maranguape), com 95.95%; e Acaraú Mirim (Massapê), com 94.82%.