Cai a intensidade das chuvas nos municípios do CE

Para hoje e amanhã, a previsão é de chuva no Centro-Norte e, nas demais regiões, céu parcialmente nublado

Escrito por Honório Barbosa / Alex Pimentel - Colaboradores ,

Iguatu / Quixeramobim. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou entre 7h de terça-feira e 7h de ontem, chuva em 74 municípios. As maiores foram observadas em Viçosa do Ceará (87mm), Ipueiras (57mm) e Itaitinga (38mm). Mais uma vez o Centro-Norte do Estado foi mais beneficiado. Para hoje e amanhã, a Funceme prevê possibilidade de chuva no Centro-Norte e, nas demais regiões, céu parcialmente nublado. A redução da pluviometria decorre do afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

O meteorologista Raul Fritz, explica que é normal ocorrerem períodos de maior intensidade de chuva intercalados com redução da pluviometria. "As últimas chuvas foram decorrentes da aproximação da Zona de Convergência Intertropical", explicou. "A tendência atual é de diminuição, mas depois voltará, já a partir deste fim de semana".

Neste abril, as chuvas foram bem mais intensas em relação aos meses anteriores. Até ontem, a Funceme já registrava quase o esperado para todo o mês. A média histórica é de 188mm e já tinham sido observados 186mm. Já em março, choveu 41% a menos que a média.

Com essas chuvas, a tendência é de aumento no volume dos açudes no decorrer da semana, dentre eles, o Castanhão, que está com 7,28% e continua recebendo recarga do Rio Jaguaribe. Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o volume médio dos 155 reservatórios monitorados chegou a 14,7% ontem.

Mudança

Dois dias foram suficientes para o Açude Quixeramobim, no município homônimo, no Sertão Central, saltar do volume morto para 63,55% da capacidade. Apesar de não ser o primeiro a transbordar no Interior do Ceará, como costumava ocorrer nos anos de bom inverno, foi o suficiente para atrair a população da cidade. Lá, choveu 65mm de segunda para terça-feira e 33mm de domingo para a segunda.

Segundo o administrador do açude, construído e mantido pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), João Eudes da Silva, ele chegou à cota de 1,35m do nível máximo da sua parede para começar a verter água rio abaixo. Essa medida equivale a 63,35% da capacidade. Mesmo assim, segundo o administrador do açude federal, com a elevação do nível da água, também aumentou a área de captação hídrica, causando assim a expectativa de vir a sangrar com as próximas chuvas rio acima, como ocorreu há sete anos, quando atingiu seu volume máximo pela última vez.

Outro fator está associado à capacidade atual do açude. Quando foi construído, na década de 1960, podia armazenar 54 milhões de m³. Com o passar dos anos, o assoreamento contínuo provocado pelo arrasto da correnteza do seu principal manancial reduziu seu aporte para pouco mais de 10%.

Ressalta João Eudes da Silva que há possibilidade de a barragem sangrar ainda neste ano em razão de vários córregos a desaguarem nela. Antes de 2008, quando as obras do Açude Fogareiro, mais acima, ainda não tinham sido concluídas, o espetáculo das águas à beira da rodovia já estaria acontecendo. Agora o outro reservatório, atualmente com 3,71% do seu volume, o equivalente a 4,3 milhões de m³, barra 46Km das águas do rio.

Monitor de Secas

O Monitor de Secas do Nordeste do Brasil da Agência Nacional de Águas (ANA), divulgado ontem, referente a março, no Ceará, mostra que não houve mudanças significativas em relação ao mês de fevereiro. Na parte Norte onde, em algumas áreas, as precipitações foram regulares ao longo do período, os indicadores revelaram uma redução de um nível de severidade da seca, além de um aumento na área sem seca. Já na parte Centro-Sul, as precipitações ao longo do mês de março foram irregulares e os indicadores de curto e longo prazo mostram, inclusive, uma piora no cenário de seca.

O meteorologista Raul Fritz observa que atualmente há uma melhoria significativa no quadro por causa das intensas chuvas registradas em abril. "O próximo relatório, que será divulgado em maio, referente a abril, vai mostrar diminuição da seca grave por melhora na vegetação e nos reservatórios que acumulam mais água", pontuou.