Avião cai e deixa empresário morto em Itapipoca

O corpo foi levado a Fortaleza, onde deu entrada, às 16h40, na Coordenadoria da Perícia Forense

Escrito por Marcelino Júnior - Colaborador ,
Legenda: A aeronave era conduzida pelo empresário Carlos Vasconcelos, 52, conhecido como Chitãozinho

Itapipoca. Um avião ultraleve caiu, por volta das 6h30 da manhã de domingo (13), em uma plantação de bananas, no Sítio Carrapato, na localidade de São Daniel, Serra de Uruburetama, a cerca de 14 quilômetros da sede de Itapipoca. A aeronave, que fazia o trajeto Fortaleza-Massapê (Norte do Estado), era conduzida pelo empresário do ramo de locação de máquinas pesadas, Carlos Vasconcelos, 52, conhecido como Chitãozinho, que morreu na hora. O corpo do empresário foi levado a Fortaleza, onde deu entrada, às 16h40, na Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense, e, até o fechamento desta edição, aguardava liberação. As causas do acidente ainda serão apuradas pela Polícia Civil.

O local onde o avião caiu, de difícil acesso, pertence ao agricultor Ricardo Martins Rodrigues, que viu o momento em que a aeronave fez várias manobras antes de se chocar contra a Serra. "Parecia que ele estava procurando um lugar para descer. Rodou por alguns minutos, e logo eu ouvi o barulho da explosão. Corri com meus filhos até o local, e ainda estava pegando fogo. Gritamos para ver se tinha alguém com vida, mas nada. Fiquei aqui até a Polícia chegar".

Curiosos também foram ao local, assim como a dona de casa Galileia de Souza, que se assustou ao ouvir o barulho da explosão e, com a cena que presenciou minutos depois. "O avião ainda estava pegando fogo, tinha muita fumaça e cheiro forte de gasolina. Eu e algumas pessoas corremos para ver se tinha alguém ferido, que fosse socorrido, mas não vimos ninguém. A gente ficou um pouco distante esperando o fogo acabar. Quando a fumaça baixou, deu para ver uma parte do corpo. O susto foi grande, nunca havia acontecido um acidente assim aqui na Serra", afirmou.

Com auxílio do helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), equipes do Corpo de Bombeiros do 2º Grupamento do Pecém, da Polícia Militar, e Delegacia Regional de Itapipoca, chegaram ao local do acidente, num ponto de difícil acesso, cerca de 500 metros de distância das poucas casas localizadas entre as plantações de banana e a mata cerrada.

O inspetor Augusto Frederico Barbosa, da Delegacia Regional de Itapipoca, fez os primeiros registros e colheu depoimentos de possíveis testemunhas. "Nós apuramos com alguns moradores que a aeronave circulou por alguns minutos com um barulho estranho, quando logo depois chocou-se com a Serra, bem no ponto de divisa com o município de Uruburetama", acrescentou.

Manobra

Num relatório, a ser enviado ao Departamento de Polícia do Interior (DPI), o inspetor descreveu o que pareceu ser para ele uma manobra arriscada, do piloto o avião, em uma possível tentativa de aterrissagem. "Num primeiro momento, percebemos que o piloto pode ter tido problemas e feito manobras para esvaziar o tanque de combustível, já que os moradores dizem ter visto a aeronave sobrevoar este local, em círculos, antes de cair. É possível que o piloto tenha tentado amortecer a queda, com auxílio da vegetação, que é bem fechada, mas a velocidade pode ter contribuído para o choque com uma rocha. Mas isso deve ser analisado pela perícia", constatou o inspetor, enquanto tirava fotos dos destroços, para anexar ao relatório. A equipe de Perícia Forense chegou ao local por volta das 13h30, e, com ajuda do Corpo Bombeiros, recolheu o corpo do empresário.

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Trajetória

O advogado e piloto Francisco Sampaio, amigo de Vasconcelos, afirmou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que o avião havia sido comprado há pouco mais de um ano e estava com a revisão em dia. "O avião dele era do tipo Sierra, um monomotor muito bom. Ele era acostumado a viajar duas vezes por mês e tinha experiência como piloto. Hoje, o que havia de diferente era o tempo, não estava favorável para voo. Ele sempre ia com alguém, mas hoje estava só", ressaltou Sampaio.

Ele lembrou que a vítima iria encontrar um grupo de amigos. "Íamos em um grupo de cinco pessoas para este aniversário, cada um em seu avião. Mas, por uma série de problemas, desistimos. Só ele foi", disse o companheiro de voo.

O advogado conta ainda que Chitãozinho faria uma parada no município de Sobral e ligaria para a torre de controle pedindo autorização para ir até Massapê. "A pista da fazenda dele não é registrada, não pode ser feito um plano de voo direto para Massapê, por isso essa parada programada. Todos nós achamos que algo tirou a visibilidade dele, por isso o acidente", ressaltou também Sampaio.

O empresário Carlos Vasconcelos era pai de duas filhas, uma com 23 anos e a outra de 10 anos. Em dezembro deste ano, a vítima completaria 53 anos. (Colaborou Emanoela Campelo)