Aportes da quadra chuvosa mudam realidade sertaneja

As recargas dos reservatórios elevaram a autoestima e trouxeram alegria ao povo do Interior

Escrito por Alex Pimentel - Colaborador ,
Legenda: Nos reservatórios maiores, como o Arrojado Lisboa, em Banabuiú, de onde geralmente é captada água para abastecimento das cidades, os ribeirinhos aguardam o crescimento dos peixes, apesar do baixo volume
Foto: Foto: Alex Pimentel

Quixadá. Apesar de a maioria dos grandes reservatórios do Ceará não terem atingido as expectativas da população sertaneja, mantendo volumes abaixo do esperado, a primeira boa quadra chuvosa após seis anos de chuvas abaixo da média mudou a realidade do Interior. Banabuiú, Quixadá e Quixeramobim, no Sertão Central, são alguns exemplos. As recargas elevaram a autoestima e trouxeram alegria.

Enquanto as barragens de menor porte asseguram água para as famílias de trabalhadores rurais, nos reservatórios maiores - como o Arrojado Lisboa, terceiro maior do Estado, que esteve seco por vários meses e hoje está com 6,08% - de onde geralmente é captada água para abastecer as cidades, ribeirinhos aguardam o crescimento dos peixes.

Na barragem de Quixeramobim, a situação é um pouco diferente. Na parede da represa, uma ponte na CE-060, os mais jovens saltam de cerca de 3m. A alguns quilômetros açude adentro, o balneário da ponte quebrada voltou a funcionar. O movimento se intensificou neste mês de maio, juntamente com a esperança de o açude voltar a sangrar. Hoje, está com 96,36%. A última vez em que transbordou pelas 15 comportas na extensão de 240 metros da ponte foi no início de abril de 2011.

No Maciço de Baturité, o Germinal, em Palmácia, com 93,82%, é destinado e ao abastecimento dos moradores da região. Há previsão de conclusão de uma adutora para a região. A responsável pela obra é a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra). Apesar de a área hídrica ser isolada, com cercas, pescadores e banhistas conseguem utilizar o espaço logo abaixo da parede de concreto.

Centro-Sul

No Centro-Sul do Ceará, o nível dos reservatórios, em geral, continua preocupante. O Orós, segundo maior do Estado, acumula 9,69%. O reduzido volume impede a retomada do atrativo turístico e da criação de tilápias em tanques redes. O número de visitantes caiu mais de 90%, nos últimos dois anos, segundo a associação que reúne barqueiros e donos de restaurantes. O Açude Ubaldinho, em Cedro, município vizinho, está com 33,4%. Houve um aumento de 10% na atual quadra chuvosa. O nível do reservatório permite a manutenção dos criatórios de tilápias em gaiolas, o emprego e a renda de 50 produtores.

A preocupação maior é com o Trussu, em Iguatu, maior centro urbano da região, com 103 mil habitantes. O reservatório está apenas com 7,4% e as suas reservas são suficientes para atender o abastecimento das cidades de Iguatu e de Acopiara somente até o próximo mês de dezembro.

Zona Norte

Localizado no distrito de Baixa Fria, a cerca de 12Km da sede de Santana do Acaraú, no Norte do Estado, os moradores estão utilizando a parede do Açude São Vicente como área de lazer nos fins de semana. As famílias têm se reunido para se refrescar na forte correnteza que desce rumo ao Rio Acaraú, ou apenas apreciar o espetáculo das águas. Outros buscam o local para lançar suas redes e também se arriscar na pescaria.

Outro açude da região que segue como opção de lazer nos fins de semana é o Itaúna, sétimo, dos reservatórios cearenses monitorados pela Cogerh, a sangrar, em abril último. Localizado em Granja, tem atraído pessoas de outros municípios em busca de diversão e trabalho.

Segundo o Portal Hidrológico, neste ano foi registrado aporte em 145 açudes cearenses, o equivalente a 2.302,59 milhões de metros cúbicos. Hoje os reservatórios acumulam 17,1%. No início da quadra chuvosa, este percentual era 7,1%