Ainda sob clima de comoção, cidade realiza missa campal

Com velas nas mãos. Essa foi a maneira como os moradores de Milagres homenagearam as vítimas da operação policial que impediu o assalto às unidades do Banco do Brasil e Bradesco na semana passada 

Escrito por ANTONIO RODRIGUES , regiao@diariodonordeste.com.br

Cerca de 500 pessoas, em sua maioria vestidas de branco, participaram de uma Missa campal de 7º Dia, na noite de ontem (13), para celebrar a paz e a memória das vítimas da “tragédia de Milagres”, ocorrida na madrugada da última sexta-feira (7). A celebração aconteceu em frente às agências bancárias, onde ocorreu o confronto entre os assaltantes e a Polícia Militar. 


Com velas nas mãos. Foi a forma utilizada por cada milagrense para homenagear as vidas perdidas na operação que impediu o assalto às unidades do Banco do Brasil (BB) e Bradesco, no Município. Ao todo, 14 pessoas morreram. Oito suspeitos e seis reféns. Além disso, oito pessoas foram presas.

 


Ao longo da semana, a agência do BB já havia sido alvo de homenagens espontâneas. Grupos de diversas religiões se encontram no local para orar pelas vidas perdidas. 


Famílias


Ontem, a Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres celebrou a Missa de 7º Dia na Rua Presidente Vargas, palco de 20 minutos de tiroteio. No lugar dos estampidos, desta vez, emoção. “Pensamos em realizar essa Missa onde saiu o derramamento de sangue. Vamos rezar por todas as vítimas, e também por todas as suas famílias”, disse o padre Ronaldo Oliveira ao abrir a celebração.


Sacerdote da Paróquia de Nossa Senhora dos Milagres, padre Ronaldo acredita que o episódio desta proporção, numa cidade pacata do interior, deixou todos em choque. “A gente se refugia na oração em Deus. Precisamos mostrar aos familiares das vítimas que a Igreja Católica está unida pela oração. Queremos acalmar os nossos paroquianos”. 


“Entristecida”. Foi assim que o sacerdote definiu o Município do Cariri cearense, de pouco mais de 28 mil habitantes. Paralelamente a Milagres, Serra Talhada, em Pernambuco, cidade onde dois de cinco membros da mesma família foram mortos, também celebrava uma Missa no mesmo horário. “Isso nos interliga. Deus é um só, e a gente pede que essas almas encontrem a luz”, completa padre Ronaldo.


“A Missa é em sentimento do povo da cidade”, garante o aposentado Manoel Belém, que percorreu cerca de 15 km do Sítio Boa Vista até o Centro de Milagres para participar do momento de fé. “Ninguém esperava uma notícia dessas. Quando soube que morreram inocentes, a tristeza chegou” .

 
Desde o episódio, moradores de Milagres convivem com notícias falsas que vêm amedrontando a todos, como assaltos e tiroteios que não aconteceram de fato.

Legenda: A Missa campal de 7º Dia foi realizada ao ar livre e garantiu momentos de grande emoção
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

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