Segurança domina tribuna da Assembleia, mas outros temas-chave ficam de fora

Levantamento do teor dos pronunciamentos feitos pelos deputados estaduais em 2018 expõe assuntos que ganharam visibilidade no ano eleitoral, enquanto outros, embora relevantes, ficaram em segundo plano no Legislativo

Escrito por Redação ,

Uma das principais funções do Parlamento, para além da produção de leis de interesse comum, é a discussão de temas relevantes para a sociedade. No entanto, com frequência, alguns parlamentares se pronunciam apenas para tratar de assuntos distantes do que pode ser importante para a maioria da população.

Em 2018, não foram poucas as vezes em que deputados da Assembleia Legislativa subiram ao púlpito do Plenário 13 de Maio para debater temas que ficam aquém do interesse público. Em outros momentos, deixaram discussões sobre Seca, Educação, Cultura e Moradia em segundo plano, preferindo assuntos paroquiais ou de temática nacional e internacional.

Em ano eleitoral, os debates sobre o pleito realizado em outubro passado também demandaram muitas discussões na tribuna da Casa. Porém, o que chamou atenção foi o aumento de pautas que tratam, principalmente, de comportamento. Temas como "Escola sem Partido" e "ideologia de gênero" estão entre aqueles que mais foram levados até o momento ao Legislativo.

No entanto, a Segurança Pública e o cenário da violência no Estado foram os assuntos mais abordados por deputados de oposição e da base governista durante todo o ano de 2018. Esses temas pautaram os debates na tribuna ao menos 76 vezes.

Casos de repercussão

Em fevereiro, no retorno dos trabalhos legislativos, logo após três chacinas ocorridas no mês anterior, que vitimaram 28 pessoas, os deputados empreenderam uma série de discursos sobre Segurança. Em agosto, houve novos protestos, principalmente, por parte dos opositores Capitão Wagner (PROS), Roberto Mesquita (PROS), Carlos Matos (PSDB) e Ely Aguiar (DC). Diversas propostas foram apresentadas na Casa, mas poucas se efetivaram.

Até então pouco frequentes em plenário, discursos pautados no conservadorismo tomaram proporções consideráveis neste ano, principalmente, por meio da deputada Silvana Oliveira (PR). Outros parlamentares também ecoaram o discurso conservador.

No ano de 2018, Silvana Oliveira discorreu sobre a criação da "Frente Popular para a Fiscalização de Gênero nas Escolas", criticou distribuição de material "impróprio" em escolas do Estado. Ela condenou, ainda, atitude do Supremo Tribunal Federal (STF) de discutir a descriminalização do aborto, defendeu o projeto "Escola sem Partido", posicionou-se contra movimentos feministas e, mais recentemente, disse que vai acionar o Ministério Público para anular questão do ENEM.

Preocupação

Ely Aguiar e Fernando Hugo (PP) se interessaram por esse tipo de abordagem e também fizeram suas críticas na tribuna, principalmente, ao que denominam como "ideologia de gênero". Na contramão desses parlamentares, Renato Roseno, também na linha comportamental de abordagem de temas, demonstrou preocupação sobre "agenda política conservadora".

De olho nos votos em seus colégios eleitorais, parlamentares também intensificaram, ao longo deste ano, pronunciamentos de cunho paroquial, apontando falhas a serem corrigidas em municípios ou anunciando feitos dos respectivos mandatos em determinada região. Em 47 vezes, deputados subiram à tribuna para tratar de temas relacionados às cidades que representam. Em outras 22 oportunidades, eles trataram de assuntos sobre a própria Assembleia ou dos mandatos na Casa.

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