PT e PDT ganham espaços estratégicos no 2º Governo Camilo

Dirigentes de siglas aliadas ainda esperam ver atendidas suas demandas por maior participação na gestão

Escrito por Letícia Lima ,

Se por um lado ter um arco de aliança com 23 partidos garante apoio ao governador Camilo Santana (PT) na hora de aprovar projetos no Legislativo, por outro, requer dele ainda mais diálogo para manter tantos aliados na base do Governo.

Após a definição do primeiro escalão e da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, governistas estão na "fila" da base, aguardando serem chamados ao Palácio da Abolição, para reivindicar espaços na máquina pública.

Enquanto isso, na correlação de forças dentro do grupo governista, o PDT, liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, e o PT, partido do governador, ganharam musculatura no início desta segunda gestão de Camilo. Basta ver a composição do secretariado, que envolveu indicações técnicas, mas também políticas.

Esse xadrez, entretanto, não foi fácil de montar. Camilo enfrentou o desafio de conciliar os interesses de muitos aliados com uma administração pública mais enxuta.

Isso porque, no fim do ano passado, o governador reduziu de 27 para 21 o número de secretarias e extinguiu quase mil cargos. E as pastas de maior peso foram alvo de disputas de indicações entre as siglas.

A Secretaria das Cidades foi uma das mais cobiçadas. Tanto o PDT como o MDB, comandado no Estado pelo ex-senador Eunício Oliveira, disputaram indicações de quadros para o cargo.

No fim das contas, o deputado pedetista Zezinho Albuquerque foi escolhido o novo secretário. Aliás, o ex-deputado Marcos Cals, filiado ao Solidariedade, está aguardando ser nomeado pelo governador secretário executivo de obras.

Planejamento

Além do novo secretário das Cidades, é do PDT o secretário de Planejamento e Gestão, Mauro Filho. Ex-titular da Secretaria da Fazenda de 2007 a 2018, ele é economista e foi eleito deputado federal.

O PDT conquistou também a presidência da Assembleia Legislativa, neste ano, com a eleição do deputado José Sarto, e o cargo de primeiro-secretário da Mesa Diretora, ocupado por Evandro Leitão.

Ainda no primeiro escalão, o controlador e ouvidor-geral do Estado, Aloísio Carvalho, foi um nome chancelado pelo MDB. Ele já tinha ocupado a função antes e foi secretário de Finanças de Fortaleza.

O partido também apresentou o nome do administrador Rogério Pinheiro para o cargo de secretário de Esporte e Juventude. Ele já atuou na Pasta antes. Na disputa pela Mesa Diretora da Assembleia, o deputado do MDB, Danniel Oliveira, foi contemplado com a segunda vice-presidência da Casa.

O PT, partido do governador, também manteve postos na administração estadual. No segundo mandato, Camilo Santana deslocou o ex-secretário Nelson Martins da chefia da Casa Civil para a Assessoria de Relações Institucionais, posto que é responsável pela articulação política do Governo do Estado.

O também petista Francisco de Assis Diniz permaneceu à frente da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), assim como Artur Bruno, no comando da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

A legenda petista indicou ainda Dedé Teixeira, ex-titular da SDA, para o cargo de secretário-executivo de Recursos Hídricos, e o deputado Fernando Santana como o primeiro vice-presidente da Assembleia.

Por outro lado, o PP aguarda ser chamado por Camilo, de olho na indicação de quadros para o segundo escalão. O deputado Leonardo Pinheiro, quarto-secretário da Assembleia, admite que o partido já tem influência na Secretaria das Cidades, uma vez que o presidente estadual do PP, deputado federal Antônio José Albuquerque, é filho do titular da Pasta.

"Somos cinco deputados estaduais, o PP tem perspectiva de crescimento e acreditamos que iremos fazer maior participação no governo", pontua.

O PCdoB também está na fila. O partido garantiu lugar no primeiro escalão, com a nomeação de Inácio Arruda para a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior.

O ex-deputado do partido, George Valentim, também foi nomeado diretor de veículos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

"O Inácio era um nome que a própria comunidade acadêmica pedia e foi uma coisa quase que natural essa indicação, mas não teve ainda outra conversa acerca dessa participação", disse Luís Carlos Paes, presidente do PCdoB no Ceará.

O deputado estadual Audic Mota, do PSB, por outro lado, reclama espaço. "O partido não foi contemplado no Governo Camilo", cita.

Quem também está insatisfeita com a falta de diálogo é a presidente do PR, ex-deputada federal Gorete Pereira. Após perder a eleição de 2018, ela disse que aguardaria uma definição do governador sobre seu futuro.

Procurada, Gorete afirmou que o Governo lhe pediu que ficasse "tranquila". Nos bastidores, o que se fala é que o governador poderia "puxar" algum deputado federal para o secretariado, para ela assumir como suplente na Câmara.

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