Presidente eleito garante que futuro ministro terá 'liberdade total'

Sérgio Moro indicará chefe da Polícia Federal, não sofrerá interferências políticas e combaterá o crime organizado. Quem garante é o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ao falar das condições dadas ao futuro superministro

Escrito por Redação ,
Legenda: Bolsonaro durante coletiva de imprensa, ontem, em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio. Ele só permitiu a entrada de emissoras de TV, rádios e sites
Foto: Foto: Instagram

O Ministério da Justiça unificará a pasta da Segurança Pública -a quem a Polícia Federal está subordinada- e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), hoje ligado à Fazenda. Há também a possibilidade de somar a pasta da Transparência e Controladoria Geral da União, mas, segundo Jair Bolsonaro, essa alteração ainda "carece de estudo".

A primeira sondagem a Moro para assumir o ministério foi feita ainda durante a campanha eleitoral, por meio do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia.

Se Guedes será a referência indiscutível nos temas econômicos do novo governo, Moro centralizará as ações na outra grande bandeira de Bolsonaro: o combate ao crime.

Em entrevista após o anúncio, Bolsonaro reforçou que o juiz terá total autonomia para compor sua equipe. "Ele vai indicar todos que virão a compor o primeiro escalão. Inclusive o chefe da Polícia Federal", afirmou.

O presidente eleito prometeu não fazer interferências no combate à corrupção. "Mesmo que viesse a mexer com alguém da minha família no futuro. Não importa. Eu disse a ele. É liberdade total pra trabalhar pelo Brasil".

Em outro momento, Bolsonaro disse que a presença de Moro em seu governo mostra que não haverá tolerância com corrupção mesmo entre auxiliares próximos. "Vai pro pau, pô. Não tem essa história, não. Quem for porventura denunciado, vai responder".

Bolsonaro disse que ambos tiveram uma conversa positiva e que eles concordaram em 100% dos assuntos.

"A perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", disse Moro em nota divulgada pouco depois da reunião, na casa de Bolsonaro.

Sorrindo, Bolsonaro afirmou que viu Moro como "um jovem universitário recebendo um diploma, com muita vontade de realmente levar adiante a sua agenda".

Segundo o presidente eleito, Moro disse a ele que Lava-Jato não será esquecida com sua saída do caso. "Até porque bom juiz temos no País todo, em especial Curitiba. E agora ele não será combatente da corrupção apenas no âmbito da Lava-Jato, no âmbito de todo o Brasil", afirmou.

Sem fusão

Bolsonaro afirmou também, ontem, que não deve levar adiante a fusão dos Ministérios da Agricultura e Meio Ambiente. A ideia de unir as duas pastas em uma foi anunciada pelo próprio Bolsonaro durante a campanha, mas desagradou tanto a ambientalistas quanto ao agronegócio que o fez recuar.

"O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente. Nenhum País do mundo protege tanto quanto nós. Pretendemos proteger, mas não criar dificuldades para o nosso progresso", afirmou.

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