Pautas conservadoras ganham apelo no Legislativo

Escrito por Redação ,
Legenda: Silvana Oliveira, que é evangélica, reclama de apropriação 'oportunista' do discurso
Foto: Foto: José Leomar

Com o espaço ocupado por um pensamento conservador na sociedade brasileira nos últimos anos, cada vez mais políticos têm atuado - e sido eleitos - para defender causas alinhadas a discursos conservadores, muitas vezes ligados a grupos religiosos. Na Assembleia Legislativa não tem sido diferente, e discursos que tenham este público como alvo têm sido utilizados com frequência no dia a dia da Casa.

A bancada religiosa no Legislativo Estadual não é tão expressiva numericamente, mas, quando fazem uso da tribuna ou sentem que suas pautas estão sendo afetadas por alguma ação governamental ou por entidades políticas, seus representantes, geralmente, fazem muito barulho. Nos últimos anos, dois assuntos principais foram abraçados por esses parlamentares: a chamada "ideologia de gênero" e o que eles têm denominado de "escola sem partido".

Mais recentemente, outros parlamentares, percebendo o crescimento das ideias conservadoras no Estado, resolveram também atuar especialmente com o segmento evangélico. Na Assembleia, fazem parte da bancada religiosa os deputados David Durand (PRB), Carlos Matos (PSDB), Silvana Oliveira (PR) e Walter Cavalcante (MDB).

Silvana Oliveira avalia que há um crescimento do conservadorismo no Brasil, mas, segundo ela, muitos políticos, nos últimos anos, se arvoraram de um discurso "oportunista" para atrair o público mais religioso. Representante de classes evangélicas na Assembleia, a parlamentar afirmou que muitos discursos dos que define como "novos conservadores" são vazios e tendem a incitar ódio e violência.

"Eles não trazem nenhum benefício para a nossa política. Eu sou de direita, mas existem políticos oportunistas que tentam crescer em cima de uma onda da qual eles não fazem parte. Esses extremos só têm trazido ódio", afirmou a parlamentar.

Ela criticou, por exemplo, casos de parlamentares que se eximiram de participar do debate e da aprovação do Plano Estadual de Educação, mas que, atualmente, utilizam de discurso mais conservador. "Muitos irão se utilizar desse discurso em busca de votos, mas a sociedade tem que identificar quem realmente abraça essa causa", defendeu.

O deputado Capitão Wagner (PROS), nos últimos anos, tem se aproximado de pautas que são semelhantes ao que defendem grupos religiosos no Ceará. Segundo ele, as instituições religiosas têm tido cada vez mais poder de decisão nos pleitos eleitorais e, neste ano, isso não será diferente. Wagner acredita que, a partir do aumento de representantes da Segurança Pública nos parlamentos, com vinculação às igrejas, a tendência é que o conservadorismo passe a ter mais espaço no Legislativo.

Ataques

Roberto Mesquita (PROS) disse que, com o crescimento do número de representantes das igrejas nas casas legislativas, também teve início um processo de ataques a seus representantes e uma disputa de espaço entre forças progressistas e conservadoras. "Não faço parte da bancada, mas tenho o mais profundo respeito à Igreja Católica e estimulo que essas pessoas participem cada vez mais da política".

Membro do PT, o deputado Dedé Teixeira, por sua vez, afirmou que as igrejas do Brasil, em sua maioria, são "militantes", o que não vê como problema. No entanto, ele reclamou de um discurso "retrógrado" professado nas casas legislativas do País.

"Existem alguns oportunistas de plantão que vão na onda, mas a população é muito consciente, e está muito mais inserida nas discussões políticas", afirmou. Ele reclamou, por exemplo, do estímulo ao discurso sobre "escola sem partido" dado por parlamentares" para o debate político. "O debate conservador tem que superar alguns pontos, porque o mundo está cada vez mais moderno, mais multicultural".

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