Opositores já admitem definição de última hora

Em reunião ontem, a oposição decidiu que, até a janela partidária, tentará ampliar o arco de aliança no Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: Nos últimos encontros de líderes da oposição, Capitão Wagner era apontado como possível candidato do grupo ao Governo, mas ele declinou
Foto: Foto: José Leomar

A exemplo do que foi feito em 2014, quando o anúncio da candidatura de Camilo Santana (PT) pegou muitos correligionários do então governador Cid Gomes de surpresa, a oposição terá como estratégia, no pleito deste ano, lançar um candidato a governador "de última hora". Esta foi uma das decisões tomadas pela bancada, em reunião realizada no início da noite de sexta-feira, em Fortaleza.

Sem um nome com densidade eleitoral para a disputa de outubro próximo, os opositores devem apostar em um candidato "improvável", segundo informaram alguns dos participantes do encontro. Eles disseram ainda que vão esperar o fim da janela partidária, em abril, para tomar decisão sobre alianças com outros partidos, visto que algumas legendas teriam interesse em participar do bloco.

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O encontro da bancada aconteceu no escritório do senador Tasso Jereissati (PSDB), e contou com as presenças de Raimundo Gomes de Matos (PSDB), Carlos Matos (PSDB), Luiz Pontes (PSDB), Domingos Neto (PSD), Roberto Pessoa (PR), Capitão Wagner (ainda no PR) e Domingos Filho, ex-presidente do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Ainda que não tenham apresentado um postulante com força para enfrentar uma chapa governista, opositores afirmam que esta é uma das estratégias: "deixar todos achando que não temos nome".

Os oposicionistas aguardaram o retorno de Tasso Jereissati, que estava em viagem, para realizar a reunião da bancada, assim como o desfecho do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, na última quarta-feira. Segundo eles, a mudança de cenário nacional irá afetar a movimentação estadual, visto que novos atores começam a se movimentar com uma eventual saída de Lula do jogo político como candidato.

A oposição enfrenta alguns problemas no processo de formatação de chapa para a disputa. Uma das reclamações feitas durante a reunião diz respeito à falta de liderança no bloco para unir pautas. Houve crítica, por exemplo, a lideranças que não têm o controle sequer de seus correligionários.

Um opositor disse ao Diário do Nordeste que a bancada não tem pressa para apresentar um nome, mas ressaltou que isso está se afunilando, uma vez que Tasso e Capitão Wagner já declinaram da possibilidade. No entanto, o deputado Raimundo Gomes de Matos garantiu que o senador, desta vez, não foi enfático ao dizer que não era o nome do bloco. Para ele, a dinâmica da conjuntura política vai dar o tom das decisões locais.

Dúvidas

Internamente, há quem defenda o nome de Roberto Pessoa como candidato da oposição ao Governo, mas o dirigente sequer sabe se ficará no comando do PR no Ceará, devido a confrontos com a deputada Gorete Pereira.

Há também críticas sobre eventuais intenções do PSDB de lançar Geraldo Luciano ou "Cabeto" para a disputa, visto que não há engajamento de uma liderança tucana para lançar um dos dois. "Qual estímulo que temos em apoiar qualquer outro desses que se colocam como pré-candidatos e até hoje mal conhecemos? Um tem até secretário no Governo, pois o Maia (Júnior, do Planejamento) é indicado dele", disse um opositor.

Conforme informou o deputado federal Domingos Neto, presidente do PSD no Ceará, a oposição terá o trabalho de agregar mais partidos para o seu arco de aliança, o que já teve início com a ida de Capitão Wagner para o PROS, a ser concretizada em março, na janela partidária.

Diálogos

"Ainda iremos realizar uma pesquisa para avaliar o cenário e voltaremos a conversar depois do Carnaval", informou o dirigente. Questionado se o deputado federal Cabo Sabino, que comandará o PHS no Estado, também participará deste movimento da oposição, Neto destacou que o parlamentar tem afirmado que vai coordenar a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o que vai de encontro às perspectivas do grupo.

Domingos Neto afirmou ainda que a oposição está sem pressa para apresentar um nome, visto que quer primeiro fazer a bancada crescer, o que deve começar a tomar forma após a janela partidária. No entanto, o PSD vai perder três deputados nesse processo: Osmar Baquit. Gony Arruda e Roberto Mesquita. O partido terá apenas um representante na Assembleia Legislativa, o deputado Odilon Aguiar.

Raimundo Gomes de Matos destacou que outros partidos estão conversando com a oposição e que, por esse motivo, a bancada resolveu não fechar questão por enquanto. "Resolvemos avançar nos diálogos, porque se fechar agora, outros partidos podem achar que não terão espaço no futuro". No encontro de sexta, também foi rechaçada a possibilidade de palanques múltiplos, uma vez que, segundo presentes, isso não é assimilado de forma positiva pela população.

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