Sob investigação, Flávio Bolsonaro compõe nova Mesa do Senado

Rede questiona indicação do PSL para a Terceira Secretaria

Escrito por Folhapress ,

Depois de toda a confusão que marcou a eleição para presidente do Senado no fim de semana, os demais integrantes da Mesa Diretora da Casa foram eleitos por aclamação nesta quarta-feira (6), já que havia só uma chapa. A Mesa foi aprovada por 72 votos sim, 2 nãos e 3 abstenções. O único questionamento foi feito pela Rede a respeito da indicação do PSL para que Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, ocupasse a Terceira Secretaria.

O senador é alvo de investigação no Rio de Janeiro por causa de movimentações financeiras atípicas e de suspeitas sobre integrantes de seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) questionou o fato de o senador ser filho do presidente da República e pediu que a votação para terceiro secretário fosse feita separadamente, o que foi negado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

"Não tem vedação legal alguma. No meu entender, há uma vedação do bom senso. Não me parece de bom senso, na Mesa do Senado Federal e, por conseguinte, na Mesa do Congresso Nacional, nós termos alguém que tem ligação consanguínea com o chefe do Executivo", ponderou Randolfe.

O senador da Rede foi rebatido pelo líder do PSL, Major Olímpio (SP), para quem "o fato de seu genitor ser o presidente da República não pode restringir sua participação como senador eleito", e pelo próprio Flávio.

"Não há nenhum impedimento legal, regimental ou ético em relação à minha indicação. Agradeço ao PSL pela indicação e peço votos aos meus 80 colegas, inclusive os da Rede", disse Flávio Bolsonaro.

Antes da sessão, o senador já havia dito não ver problemas em ele estar na função. "Qual é o mistério disso? Não entendi qual é o problema disso. Tem algum problema de eu estar na Mesa? O partido indicou, eu aceitei. Se for aprovado no plenário, eu vou para a Mesa. Não tem problema nenhum", disse Flávio aos jornalistas antes de entrar no plenário.

O primeiro vice-presidente é o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), o segundo vice-presidente é Lasier Martins (Pode-RS). Nas quatro secretarias estão, em ordem, Sérgio Petecão (PSD-AC), Eduardo Gomes (MDB-TO), Flávio Bolsonaro e Luis Carlos Heinze (PP-RS). Cada secretaria tem um suplente: Marcos do Val (PPS-ES), Weverton (PDT-MA), Jaques Wagner (PT-BA) e Leila Barros (PSB-DF), que se elegeu como Leila do Vôlei.

Segundo o regimento interno do Senado, cabe aos secretários cuidar de serviços administrativos (primeiro secretário), lavrar, ler e assinar atas de sessões secretas (segundo secretário), fazer chamada, contar votos e auxiliar na apuração de eleições (terceiro e quarto secretário).

Juntando-se todos os cargos da Mesa Diretora, inclusive a presidência, estes senadores têm à disposição 134 cargos comissionados para empregar aliados com salários de até R$ 17 mil -42 na presidência, 15 na Primeira Secretaria, 65 nas demais secretarias, além de 12 para os suplentes.

No PSDB, havia também interesse do senador Izalci Lucas (DF) na vice-presidência. De olho na disputa pelo governo do DF em 2022, ele queria um cargo de visibilidade para se cacifar para a eleição.

Para que Izalci ficasse com o posto, Anastasia ficaria com o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mais importante colegiado do Senado, por onde passam todas as matérias para avaliação de Constitucionalidade.

Mas, apesar de não ter sido um consenso no partido, os tucanos abriram mão do comando da CCJ para o MDB indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS), antagonista de Renan Calheiros (MDB-AL) que deve ser oficializada na próxima terça-feira (12).

Apesar de ter a maior bancada do Senado, com 13 integrantes, o MDB não ficou com um cargo de destaque na Mesa. Desgastado com a derrota do fim de semana, quando Renan Calheiros abandonou a disputa pela presidência do Senado ao perceber que perderia, o partido preferiu não ir para a briga com as demais siglas.

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