Moro ameaça pedir demissão se Bolsonaro trocar comando da PF

O presidente teria anunciado a troca de Maurício Valeixo do cargo na Polícia Federal, o que não agradou o ministro da Justiça

Escrito por Redação ,
Legenda: Moro afirmou que se Bolsonaro insistir em trocar o comando da PF, irá pedir demissão do cargo
Foto: Foto: Agência Brasil

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, avisou que deixará o governo se o presidente Jair Bolsonaro trocar o comando da Polícia Federal, atualmente ocupado por Maurício Valeixo. É a segunda vez que o presidente ameaça impor um novo nome na cúpula da corporação.

Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo no início do ano passado. O delegado comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor) da PF e foi Superintendente da corporação no Paraná, responsável pela Lava Jato, até ser convidado pelo ministro, ex-juiz da Operação, para assumir a diretoria-geral.

Embora a indicação para o comando da PF seja uma atribuição do presidente, tradicionalmente é o ministro da Justiça quem escolhe.

Interlocutores de Valeixo dizem que a tentativa de substituí-lo ocorre desde o início do ano, mas que não teria relação com o que aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro tentou pela primeira vez trocá-lo por outro nome. Na ocasião, o presidente teve que recuar diante da repercussão negativa que a interferência no órgão de investigação poderia gerar.

Aliados de Moro afirmaram que o ministro não vai aceitar a troca de Valeixo nas condições que o presidente está colocando, de "cima para baixo". Os ministros Braga Netto, da Casa Civil e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, foram escalados para mediar a situação. 

Contudo, oficialmente, o Ministério da Justiça e Segurança Pública negou, às 15h14 desta quinta-feira (23), que o ministro Sergio Moro tenha pedido demissão ao presidente Jair Bolsonaro. A informação é do portal de notícias Uol. 

No ano passado, após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando da PF.

Em agosto, o presidente antecipou o anúncio da saída de Ricardo Saadi do cargo, justificando que seria uma mudança por "produtividade" e que haveria "problemas" na superintendência. A declaração surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha "qualquer relação com desempenho".

Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que "quem manda é ele" e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.