Metade dos eleitores acredita em notícias no WhatsApp, diz Datafolha

Na fatia de eleitores de Bolsonaro, 53% leem sobre política e eleições no aplicativo social, contra 35% dos que votam em Haddad

Escrito por Folhapress ,

Metade dos eleitores acreditam nas notícias que recebem pelo WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens, segundo pesquisa Datafolha. Para 47% dos entrevistados, as informações que foram enviadas para eles são confiáveis. Já 53% dos eleitores dizem não acreditar nelas.

O levantamento foi feito nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, com 9.173 entrevistas presenciais em 341 municípios. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Ainda segundo a pesquisa, o WhatsApp é a rede ou aplicativo social mais utilizado pelos eleitores: 65% têm conta, sendo que 24% o utilizam para compartilhar notícias sobre políticas e eleições.

Entre os homens, 63% têm WhatsApp, e 27% utilizam para difundir conteúdo sobre política e eleições -ou seja, a relação de usuários que compartilham notícias fica em 43%. Na fatia de mulheres, 66% têm conta, e 22% compartilham notícias políticas e eleitoras, numa relação de 33% de usuárias ativas.

Tanto em alcance quanto em taxa de engajamento na difusão de conteúdo político e eleitoral, o segmento mais ativo no WhatsApp é o de eleitores de Jair Bolsonaro.

Entre os apoiadores do capitão reformado, 70% estão conectados ao aplicativo, e 31% repassam informações sobre política e eleições. Ou seja, 44% estão engajados no tema. Entre os eleitores de Haddad, são menos usuários (59%) e menos compartilhadores (21%), o que resulta numa taxa de engajamento menor, de 36%.

Replicar grupos e ativar influenciadores na rede social foi uma das frentes da comunicação de Bolsonaro já no primeiro turno. O candidato investiu numa rede de eleitores que replicaram grupos, e proliferavam textos e panfletos digitais de apoio ao candidato e de críticas ao rival petista.

Nesses grupos houve compartilhamento de fake news e montagens manipuladas. Informações falsas sobre um "kit gay", que não foi distribuído na gestão de Haddad no Ministério da Educação, foram replicadas na rede.

É impossível calcular o número de grupos criados por fãs de Bolsonaro. A política do WhatsApp garante privacidade para os usuários na troca de mensagens e os dados não são divulgados.

A Folha de S.Paulo revelou que empresas compraram pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT pelo WhatsApp. A prática é ilegal, se configurada doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral. Empresários que apoiam Bolsonaro bancaram um serviço chamado "disparo em massa", usando base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências.

Segundo o WhatsApp, 120 milhões de pessoas utilizam o serviço no Brasil. De acordo com a pesquisa Datafolha, 46% dos eleitores dizem ler notícias sobre política e eleições na rede social, com mais inserção entre os eleitores mais jovens (54% na faixa de 16 a 24 anos, e 58% entre quem tem de 25 a 34 anos), mais escolarizados (67% entre quem estudou até o ensino superior) e mais ricos (62% na faixa de renda de 5 a 10 salários, e 70% entre quem tem renda familiar acima de 10 salários).

Na fatia de eleitores de Bolsonaro, 53% leem sobre política e eleições no aplicativo social, contra 35% dos que votam em Haddad.

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