Cerimônias de diplomação são marcadas por vaias, empurra-empurra e troca de socos

Confusões geradas por conflitos político-partidários foram registradas em São Paulo e Minas Gerais; no Rio, seis deputados não foram diplomados por estarem presos

Escrito por Estadão Conteúdo/FolhaPress ,

O clima de animosidade registrado na quarta-feira (19) durante a diplomação dos candidatos eleitos não foi exclusividade da cerimônia realizada no Ceará. Em outros estados, o acirramento político também gerou conflitos, apresentando vaias, empurra-empurra e até mesmo troca socos entre políticos.

Confira algumas das confusões registradas durante as cerimônias de diplomação.

São Paulo

Em São Paulo, na terça-feira (18), a cerimônia do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para diplomação dos candidatos eleitos por São Paulo foi interrompida por uma confusão envolvendo militantes e deputados eleitos.

Marcada pela polarização, a cerimônia teve empurra-empurra, polícia no palco e guerra de vaias entre partidos de esquerda e bolsonaristas.

O militante do PSOL Jesus dos Santos – membro da bancada ativista, mandato coletivo da legenda para deputado estadual – subiu ao palco junto com Mônica Seixas, a deputada oficialmente eleita do partido, e acabou impedido.

Houve confusão generalizada, incluindo empurrões do deputado federal eleito pelo partido do futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL), Alexandre Frota, em Santos.

A Polícia Militar subiu ao palco para retirar Santos – ele permaneceu, porém, dentro do auditório. A cerimônia ficou interrompida por cerca de 20 minutos, os deputados acabaram voltando a seus lugares e o evento seguiu.

O clima polarização começou quando deputados estaduais do PT fizeram manifestação pedindo liberdade para o ex-presidente Lula, ao simular a letra L com a mão. Apoiadores de Bolsonaro responderam gritando "mito", "Lula na cadeia", enquanto simpatizantes do petista pediam "Lula livre" e "ditadura nunca mais".

Entre os eleitos presentes, estava o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do futuro presidente, que criticou a oposição.

"Isso demonstra a imaturidade, todo mundo sabe do protocolo. Então, na verdade é apenas lamentável, do que dependia do nosso público não haveria isso", disse. "Se a oposição estiver disposta a fazer sempre dessa maneira, vai ter que usar a segurança todo o tempo, fazer um pente mais rigoroso."

Ele também afirmou que vai aguardar investigações sobre ex-assessor de seu irmão, Flávio Bolsonaro – o antigo funcionário teve movimentação atípica na conta captada pelo Coaf.

A cerimônia ocorreu na Sala São Paulo, no centro da capital paulista, para diplomação do governador João Doria (PSDB), o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), dois senadores, 70 deputados federais e 94 estaduais eleitos por São Paulo.

Minas Gerais

A cerimônia de diplomação dos deputados e governador eleito em Minas Gerais, foi realizada na quarta-feira (19) e apresentou troca de socos por parte dos políticos. O evento, realizado no Palácio das Artes, ainda teve gritos de "Lula Livre" e "Bolsonaro" dos convidados que acompanhavam a diplomação.

Os primeiros protestos partiram da plateia quando a vereadora Áurea Carolina (PSOL), deputada federal eleita, se encaminhou para receber o diploma mostrando placa com o nome da colega vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em março, e foi vaiada.

Antes disso e ao longo de parte da cerimônia, a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira (PT), segurou, sentada, uma placa escrita "Lula Livre". O cerimonial pediu para que a plateia e eleitos não se manifestassem. A placa de Beatriz foi, então, retirada por uma funcionária, levando Beatriz a reclamar à administração. Nesse momento, o deputado estadual Rogério Correia (PT), eleito deputado federal, pegou a placa, a levantou e se dirigiu à ponta do palco.

O deputado federal eleito Cabo Júnior Amaral (PSC), que acabara de ser diplomado e ainda estava de pé, tentou tomar a placa de Correia. Os dois, então, trocaram socos e foram separados por outras pessoas que estavam no palco. O governador eleito, Romeu Zema (Novo), chegou a ser retirado e a sessão foi suspensa.

Ao longo de toda a cerimônia, ao se levantarem para receberem o diploma, deputados faziam o "L" de Lula com a mão, ou mostravam placa com "Lula Livre". Outros faziam gesto com as mãos imitando arma. Em todos, aplausos e vaias. Ao final, o ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT), eleito deputado estadual, se levantou para ser diplomado, fez o "L" e, em seguida, mostrou um pequeno papel escrito "paz".

Rio de Janeiro

Por estarem presos, seis deputados estaduais eleitos pelo Rio de Janeiro não compareceram na terça-feira (18) à cerimônia de diplomação em seus novos mandatos pela Justiça Eleitoral. Cinco estão na cadeia por causa da Operação Furna da Onça, que investiga corrupção na Assembleia Legislativa do Estado. 

Eles são André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius Neskau (PTB). O sexto deputado eleito que está na cadeia é Wanderson Gimenes Alexandre, do Solidariedade. Ele foi prefeito de Silva Jardim, município da região fluminense das Baixadas Litorâneas, e é suspeito de corrupção e fraudes em licitações. Todos deverão ser diplomados por procuração. O número equivale a 5% dos 120 eleitos no Rio em 2018.

A diplomação, porém, não garante a posse no cargo. A nova legislatura só começa em 1.º de fevereiro. Por lei, eles têm até 60 dias, a contar dessa data, para serem empossados, o que empurra o prazo para o início de abril. Caso não consigam deixar a cadeia, é possível que os suplentes sejam convocados para ocupar as vagas. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos parlamentares eleitos.

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