Bolsonaro ratifica promessas de campanha antes de assumir a presidência

Em termos de economia, sua prioridade é tramitar no Congresso a reforma da previdência para reduzir seu impacto nas contas públicas

Escrito por AFP ,

Um Jair Bolsonaro decidido a satisfazer o eleitorado conservador assume nesta terça-feira (1) a presidência brasileira, em meio a rígidas medidas de segurança.

Depois de prometer liberar a posse de armas por decreto no sábado, o militar da reserva de 63 anos, declarou nesta segunda-feira (31), em outro tuíte, guerra contra o "lixo marxista" que, segundo ele, explica a baixa qualidade da educação no Brasil. "Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino", escreveu.

Bolsonaro, que sobreviveu em setembro a um atentado com faca realizado por um ex-militante de esquerda, expressou em 10 de dezembro, ante o STF, sua vontade de superar a polarizada campanha eleitoral para se transformar no "presidente dos 210 milhões de brasileiros (...) sem distinção de origem, raça, sexo, cor ou religião".

Proteção antimísseis

Nesta terça, ele será proclamado o 38º presidente do Brasil, em meio a um impressionante dispositivo de segurança. "A festa está pronta. Será segura, será a coroação de um processo democrático que teve inicio em 7 de outubro", afirmou, no domingo, Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da presidência após o ensaio geral da cerimônia de posse. Figurantes simularam o trajeto que Bolsonaro e sua esposa Michelle farão pela Esplanada dos Ministérios. É uma incógnita ainda se desfilarão no Rolls Royce utilizado para as posses presidenciais. O percurso vai da Catedral ao Congresso - onde tomará posse formalmente - e ao Palácio do Planalto, para a transferência da faixa presidencial com o atual presidente, Michel Temer. À noite, haverá uma recepção no Palácio do Itamaraty. A cerimônia, para a qual são esperadas de 250.000 a 500.000 pessoas, estará vigiada por um sistema antimísseis, aviões de combate e um rigoroso controle em terra.

A operação também cuidará da segurança dos chefes de Estado e autoridades estrangeiras que comparecerão à festa, como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo. O público terá de passar por pelo menos quatro postos de controle e detectores de metais instalados em lugares aleatórios. Também foram impostas restrições de circulação aos jornalistas que cobrirão o evento. Apesar de haver previsão de chuva, os guarda-chuvas não serão permitidos, tampouco carrinhos de bebê, mochilas, bolsas ou máscaras. Garrafas de água, animais, objetos cortantes, produtos inflamáveis, fogos de artifício e laser também estão proibidos. 

Prioridades do governo

Bolsonaro, que fez campanha quase inteiramente nas redes sociais, foi eleito no segundo turno com 55% dos votos contra o candidato petista Fernando Haddad. A popularidade do capitão do Exército na reserva cresceu por causa da insatisfação popular causada pela crise econômica, pelo desemprego, pelsa altas taxas de violência e pelos escândalos de corrupção nos últimos anos.

Em termos de economia, sua prioridade é tramitar no Congresso a reforma da previdência para reduzir seu impacto nas contas públicas. Mas a medida, altamente impopular, não será fácil de aprovar e exigirá negociações árduas com os legisladores. Outra de suas bandeiras de campanha tem sido a flexibilização da posse de armas, sob o argumento de que "pessoas boas" devem ser capazes de se defender contra os criminosos.

Embora alguns especialistas apontem que as restrições que atualmente existem por lei devam ser modificadas por meio de uma nova lei, Bolsonaro anunciou no sábado que pretende alterar algumas das restrições por decreto quando assumir a presidência. Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta segunda-feira revela que 61% dos brasileiros acreditam que, apesar de tudo, a posse de armas de fogo "deve ser proibida, porque representa uma ameaça à vida de outras pessoas". Essa postura era defendida por 55% dos entrevistados em outubro, segundo o instituto. 

Bolsonaro vai impor uma guinada para a direita também na política externa, com uma maior aproximação de países como Estados Unidos e Israel.

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