Após prisão, Pezão se defende de acusações em depoimento

Governador do Rio negou ter usado propina

Escrito por Redação ,

No primeiro depoimento após a prisão preventiva, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), negou que tenha usado dinheiro de propina para pagar despesas pessoais. Ele também contou à Polícia Federal que não se envolveu com a arrecadação de dinheiro para a sua campanha ao governo, em 2014.

Pezão afirmou que um sistema de home theater instalado em sua casa em Piraí (RJ), em 2008, foi presente de aniversário dado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Não caberia, então, pedir ao antecessor a nota fiscal do equipamento.

O depoimento, acompanhado pelo advogado Flávio Mirza, durou três horas. Mirza disse que Pezão, se quisesse, tinha o direito constitucional de permanecer calado. Por entender que "nada tinha a esconder", o governador falou.

Em valores atualizados, a propina que teria sido recebida por Pezão, segundo acusação do Ministério Público Federal (MPF), seria suficiente para pagar salários de 22.614 servidores por um mês.

O cálculo é baseado nos vencimentos entre R$ 800 e R$ 1.600, os mais baixos do funcionalismo estadual. Segundo o MPF, foram recebidos por Pezão R$ 39.105.292,42 entre 2007 e 2014.

Os servidores estaduais sofreram quase dois anos de atrasos nos pagamentos, até o Estado do Rio entrar no Regime de Recuperação Fiscal. Muitos chegaram a viver o drama de enfrentar filas para receber cestas básicas. O Estado tem 88 mil servidores na ativa e 160 mil aposentados.

Mesmo com o salário em dia desde o início do ano, muitos funcionários públicos comemoraram a prisão de Pezão. Um grupo levou um bolo de 1,5 metro para a porta da Assembleia Legislativa do Estado. Das palavras de ordem, a principal era a frase: "Pezão, ladrão, seu lugar é na prisão".

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