Apenas 15% de eleitores de Haddad e 12% de Bolsonaro votam pensando em proposta

As maiores parcelas dos eleitores de ambos os candidatos se sentem motivadas pela rejeição ao outro e, no caso do candidato do PSL, pelo desejo de mudança

Escrito por FolhaPress ,

Apenas 12% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e 15% dos de Fernando Haddad (PT) citam o conjunto de propostas dos candidatos para decidir seu voto, segundo levantamento do Datafolha. 

As maiores parcelas, nos dois casos, se sentem motivadas pela rejeição ao outro - especialmente pronunciada na faixa que recebe mais de dez salários mínimos - e, no caso do capitão reformado, pelo desejo de mudança.

A pesquisa, conduzida nos dias 17 e 18 de outubro com 9.137 pessoas em 341 municípios, mostra que o desejo de mudança move 30% dos eleitores de Bolsonaro - a proporção é a mesma entre homens e mulheres e cresce quanto maior a faixa etária e menor o nível de renda. 

O deputado fluminense tem, segundo a pesquisa, 59% dos votos válidos, contra 41% de Haddad. A margem de erro é de dois pontos percentuais em ambas as direções.

A rejeição ao PT vem em segundo lugar como motivo para optar por Bolsonaro, tendo sido citada por 25% de seus eleitores entrevistados. As respostas foram espontâneas, e era possível citar mais de uma causa para explicar o voto.

O antipetismo é mais forte no Sul (32%), e o antibolsonarismo, no Sudeste (24%, chegando a 31% no Rio de Janeiro, estado que o deputado representa no Congresso).

Diferentemente do desejo de mudança, a oposição ao PT sobressai nas faixas mais ricas, na qual a preferência por Bolsonaro é também mais pronunciada: citado por apenas 18% daqueles que ganham até dois salários mínimos, o antipetismo aparece nas respostas de 38% dos que ganham mais de dez salários mínimos.

A proposta para segurança é a terceira razão mais citada para o voto no peesselista, mencionada por 18% de seus eleitores e ligeiramente mais lembrada pelos homens (18% a 15%). Já os valores pessoais defendidos pelo candidato motivam 13% de seus eleitores (vão a 17% entre os evangélicos), e o combate à corrupção, 10%, sendo mais mencionado por homens (12% a 7%).

A opção por Haddad, por sua vez, é explicada pela rejeição a Bolsonaro por 20% de seus eleitores - 18% dos homens e 22% das mulheres. Como no caso do antipetismo, o antibolsonarismo também cresce entre os mais ricos: a oposição ao capitão foi citada por 17% dos eleitores de Haddad que ganham até dois salários mínimos, mas por 30% dos que ganham mais de dez.

A rejeição a Bolsonaro é ainda um motivo mais forte para os mais jovens (29% dos que têm até 24 anos) e mais escolarizados (35% daqueles com ensino superior).

O conjunto das propostas é a segunda razão mais citada pelos eleitores do petista, com menções por 15%, sobretudo pelos mais jovens (24%, ante 5% daqueles com mais de 60 anos). Já no caso de Bolsonaro, aparece como quinto motivo, citado por 12% dos homens e 13% das mulheres que o escolheram, mas também mais lembrado pelos jovens (25%).

O alinhamento ao PT justifica o voto de 13% dos que escolheram Haddad, mas tem peso para apenas 5% dos mais jovens. Já a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso e a quem Haddad substituiu na cabeça da chapa petista, foi mencionada por 11% dos eleitores -mesmo contingente de quem cita a capacidade de governar do ex-prefeito de São Paulo. 

O apoio de Lula pesa mais para os mais velhos (16%), menos escolarizados (16%) e mais pobres (13%, contra apenas 2% dos mais ricos). 

Apesar da crise econômica no país, os planos dos candidatos na área foram citados como um motivador de voto por apenas 2% dos eleitores de Bolsonaro e 1% dos eleitores de Haddad.

O eleitorado se mostra, também, pouco otimista: a expectativa de que o país melhore foi mencionada por apenas 1% dos que preferem Bolsonaro, e não pontuou entre aqueles que escolhem Haddad.

Motes de campanha dos dois candidatos, a defesa da família, no caso de Bolsonaro, e a defesa da democracia, no de Haddad, são citadas por respectivamente 4% e 3% de seus eleitorados. 

Oposição ao aborto, no primeiro caso, e oposição ao fascismo, no segundo, receberam a menção de 1%.

Razão do voto, segundo o Datafolha

Em Jair Bolsonaro (PSL):
- Renovação ou alternância de poder (30%)
- Rejeição ao PT (25%)
- Propostas de segurança (17%)
- Imagens e valores pessoais (13%)
- Plano de governo (12%)
- Combate à corrupção (10%)

Em Fernando Haddad (PT):
- Rejeição a Bolsonaro (20%)
- Plano de governo (15%)
- Alinhamento ao partido (13%)
- Experiência e capacidade de governar (11%)
- Influência de Lula (11%)
- Imagem e valores pessoais (7%)

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