O despertar da consciência cidadã

Formação política na escola divide opiniões. Enquanto projetos como o "Escola sem Partido" levantam discussões sobre a sala de aula como espaço de educação para a cidadania, iniciativas de instituições e da Justiça Eleitoral investem na formação de futuros eleitores

Escrito por Renato Sousa , renato.allan@diariodonordeste.com.br

Em tempos de polarização, a escola não escapou de polêmicas. Até que ponto a discussão política deve ir à sala de aula tem sido alvo de questionamentos, como os feitos pelos defensores do projeto "Escola sem Partido". No Ceará, contudo, iniciativas de instituições de ensino e também da Justiça Eleitoral têm reafirmado a sala de aula como espaço de formação de uma consciência cidadã desde a infância.

"A escola deve ser neutra, para a aprendizagem, onde se é preparado não para militância política", declara o deputado estadual e apoiador do "Escola sem Partido", Ely Aguiar (DC). Já a vereadora Larissa Gaspar (PPL), contrária à proposta, expõe que, muitas vezes, a simples transmissão de conteúdo é atacada. "Uma coisa é discussão política, e outra é discutir o desenvolvimento histórico do País e mundo. Para essas pessoas, isso é fazer proselitismo", diz.

Para a vereadora, "a escola, como espaço de preparação para o convívio em sociedade, deve ser de ampla discussão". A visão é endossada pelo professor David Albuquerque, mestre em Educação. "Essa expressão política (Escola sem Partido) busca negar a agenda política na escola para trazer sua própria agenda".

Estímulo

Legenda: Na escola Rio Grande do Norte, em Maranguape, o cordel "o Brasil que eu quero" foi utilizado para envolver estudantes na eleição
Foto: Foto: Kid Júnior

Mesmo com as polêmicas, há quem abrace a discussão. A Escola Rio Grande do Norte, em Maranguape, por exemplo, se esforça para trazer a política para o cotidiano e, às vésperas da eleição, usou o cordel "O Brasil que eu quero", de Tião Simpatia, para isso. "A gente movimenta pais, alunos e professores, com redações, dinâmicas em grupo, tudo para trazer a política para o dia a dia", explica a diretora do colégio, Joselita de Oliveira.

O Judiciário também mantém programas de educação política. O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) comanda o "Eleitor do Futuro", iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que busca estimular o voto e a cidadania entre adolescentes. "A participação tem que ir além das eleições, e vemos na escola um espaço favorável", diz Humberto Cavalcante, coordenador da Escola Judiciária Eleitoral.

(Colaborou Lívia Baral)

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados