No Ceará, Rodrigo Maia nega acordo com o Planalto

Candidato à reeleição, o presidente da Câmara dos Deputados evitou se colocar como o candidato governista. O deputado carioca promete respeitar a agenda do Governo, mas também dos partidos políticos e da sociedade civil. Maia encontrou o governador Camilo Santana em agenda apertada

Escrito por Wagner Mendes ,
Legenda: Após um dia de agenda cheia, Maia deu entrevista coletiva em um edifício no bairro Meireles
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Visitando ontem o Ceará, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que tenha firmado "compromissos" com o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em troca de apoio à reeleição. "Não assumi nenhum compromisso com o Governo", respondeu.

A viagem de campanha, em meio à crise na segurança pública estadual, também teve espaço na agenda para encontrar o governador Camilo Santana (PT). Maia não minimizou elogios ao petista depois do encontro. "É um dos melhores governadores do País, se não for o melhor", disse.

Camilo compartilhou nas redes sociais o almoço com o parlamentar e pediu envolvimento do Congresso Nacional em pautas que tratam de "leis mais duras no combate à criminalidade". No encontro, também foram discutidos assuntos como a "securitização da dívida ativa e o salário-educação, entre outros temas". O presidente da Câmara teve ainda encontros com o senador eleito Cid Gomes (PDT) e com o conselheiro em disponibilidade do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Filho.

Sobre a campanha, Maia respondeu às críticas de Arthur Lira (PP-AL), que tenta liderar um bloco alternativo de oposição ao deputado carioca para a eleição da Mesa Diretora. O bloco, que quer unir partidos de centro-esquerda, defende que a aproximação do governo com a presidência da Câmara prejudica a independência do Poder Legislativo.

Ao ser questionado pelo Diário do Nordeste em coletiva, o democrata argumentou que o compromisso dele "é com a Câmara de Deputados, com os partidos, todos aqueles partidos que têm representação na Câmara". Maia, que teve o apoio do Governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) na primeira candidatura, tentou adotar discurso de distanciamento do Palácio do Planalto.

"Uma coisa é o governo, uma coisa é o PSL. O PSL resolveu me apoiar, uma semana depois que dialogava com o próprio Arthur Lira, de forma democrática, como eu também converso com o PT. A Câmara dos Deputados não é a Casa do governo nem a casa da oposição", se defendeu.

O presidente da Câmara aproveitou para elogiar o PDT, que é a maior legenda do Ceará e pode garantir seis votos na eleição do dia 1° de fevereiro. "Tenho relação histórica, meu pai foi do PDT no Rio de Janeiro, no governo Leonel Brizola. O PDT tem uma indicação muito positiva com a minha candidatura", disse.

Segurança

Maia tratou ainda da pauta da segurança pública. O deputado comparou o Ceará com o Rio de Janeiro e afirmou que não há necessidade de intervenção militar mesmo após 13 dias de intensos ataques das facções criminosas.

"O governador Camilo tem o Estado sob controle, diferente do Rio que o governador Pezão, à época, perdeu o controle do Estado. Uma coisa é você estar enfrentando o crime organizado e o crime organizado estar tentando fazer com que o governo recue. Isso é uma coisa diferente", disse.

Em plena campanha, Maia defendeu maior debate no Parlamento em relação ao tema. "Os problemas de segurança atingem todos os estados brasileiros e, como eu disse, alguns exemplos que estamos tendo aqui no Ceará, que estão sendo enfrentados com a dificuldade, tenho certeza que os resultados positivos vão aparecer porque o governador Camilo é, com certeza, um dos grandes gestores que o Brasil tem hoje", finalizou.

Disputa polarizada na Câmara

Rodrigo Maia deve ter como principal adversário o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que articula com partidos de centro-esquerda uma candidatura de oposição. Setores da esquerda consideram apostar na candidatura do parlamentar de Alagoas como forma de assegurar distanciamento entre a presidência da Câmara e o Planalto.

O PDT, que namorava as duas candidaturas, aprovou nos últimos dias indicativo de apoio a Maia. O presidente da legenda, ex-ministro Carlos Lupi, no entanto, afirmou ao Diário do Nordeste que a indicação de apoio ainda está condicionada ao bloco de oposição, e que continuará trabalhando em busca da unidade.

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