Lira quer a união de partidos de centro e da oposição ao governo Jair Bolsonaro

O pré-candidato de Alagoas quer reunir partidos de centro-esquerda para a construção de um bloco alternativo à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que recebeu apoio do PSL à presidência da Câmara dos Deputados

Escrito por Wagner Mendes ,

O líder do PP na Câmara dos Deputados, deputado federal Arthur Lira (AL), esteve na manhã de ontem (7) no Ceará para reuniões separadas de articulação política com PDT e PT.

O parlamentar deve se lançar candidato à presidência da Casa em bloco alternativo contra o atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), nos próximos dias.

Pré-candidato, Lira declarou ao Diário do Nordeste que o ensaio da criação de um novo bloco na disputa contra o atual presidente é em busca da "independência" da Casa.

Em entrevista, concedida ontem à noite por telefone, o parlamentar afirmou que a aproximação de Maia com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) "desvirtuou" os acordos que haviam sido feitos com os partidos.

Agora, o PP busca a construção de um bloco de centro-esquerda para disputar as forças com o candidato do DEM.

"Estive hoje (ontem) em Fortaleza numa conversa marcada com o André Figueiredo e com o deputado (José) Guimarães para tratarmos da confecção de um novo bloco de centro-esquerda para definir atuação dos partidos, do PDT, PSB, PCdoB, PT, MDB, PTB e mais alguns outros partidos", declarou.

Lira justificou o movimento alegando que houve "mudanças na rota da campanha do atual presidente" quando ocorreu a aproximação com o PSL, o que também "perdeu um pouco a independência" da candidatura. "Estamos tratando para ver se a gente equilibra esse jogo dentro do Parlamento", disse o deputado.

Alimentando a possibilidade da criação do novo bloco, André Figueiredo, que é líder do PDT na Câmara, argumentou que a aproximação de Maia com o novo governo prejudica a agenda da Casa. "Estávamos avançados com o Maia, mas essa composição com o PSL complicou", admitiu o parlamentar.

Impasse

O impasse é que o grupo do DEM ofereceu as duas principais comissões da Casa, a de Constituição e Justiça e a de Finanças e Tributações, para o PSL. Na prática, segundo Figueiredo, haveria o risco de "atropelo de votações" sem a discussão devida.

O líder da oposição, deputado José Guimarães (PT), disse à reportagem que o partido, que teve a maior bancada eleita na disputa de outubro, com 56 deputados, vai condicionar o apoio baseado em três pontos: independência da Câmara, participações nas comissões técnicas e espaço na Mesa Diretora.

O dirigente argumentou que "as conversas têm sido feitas com Arthur Lira (PP-AL), Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Rodrigo Maia (DEM-RJ)". "É fundamental que a gente consiga amadurecer qual o melhor caminho", pontuou.

Ainda de acordo com o parlamentar, a única decisão tomada pelo partido é que não lançará candidatura própria na eleição da Mesa. O objetivo é conseguir espaços estratégicos na nova condição de oposição ao Planalto.

Na próxima segunda-feira (14), o candidato Rodrigo Maia (DEM-RJ) deverá visitar o Ceará para encontro com PSD, PRB, PDT e PT.

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