Dificuldades para firmar alianças

Os dois grupos que, de fato, disputarão o Executivo do Ceará só concluirão os acordos antes das convenções

Escrito por Edison Silva - Editor de Política ,

Governo e oposição experimentam dificuldades diferentes na formação de suas chapas para a disputa sucessória, tanto em relação ao Executivo, quanto ao Legislativo. Depois da manifestação de Ciro Gomes, o presidenciável do PDT, sobre a aliança do grupo governista cearense com o senador Eunício Oliveira (MDB) integrando a chapa majoritária encabeçada pelo governador Camilo Santana, surgiram nesta semana algumas reações contra os emedebistas, liderados do senador, participarem da coligação proporcional da situação. De outro lado, na última quinta-feira, de uma vez por todas ficou descartada uma candidatura ao Governo do Ceará, neste ano, do senador Tasso Jereissati (PSDB) e do deputado Capitão Wagner (PROS).

Os dirigentes do grupo de oposição, naquele encontro da quinta-feira, acordaram em manter a unidade em torno de qualquer outro candidato apontado pelo senador Tasso Jereissati, após consultas e as avaliações dos dados das pesquisas realizadas e a efetivarem-se nos próximos dias, uma delas, agora, apontando o nome do general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, com quem o senador Tasso Jereissati voltou a conversar demoradamente, momentos antes da reunião com o grupo de adversários do Governo. Diferentemente do que aconteceu, em momento anterior, aqui relatado, o general não foi ao local do encontro como havia ido o advogado Caio Rocha, nome sugerido na época para ser candidato a governador. Caio preferiu, pelo menos no momento, não disputar mandato eletivo.

Também por razões diferentes, na oposição (neste grupo não está incluído o PSOL com o seu candidato a governador Ailton Lopes), o pessoal do PROS estará fora da coligação proporcional. O Capitão Wagner quer fazer a sua própria bancada, federal e estadual. Como se agruparão nas disputas por vagas nos legislativos, as conversas entre representantes do PSDB, Solidariedade, PSD e outros começaram a ser efetivadas, ainda que informalmente, pois dependendo do nome escolhido para concorrer ao Governo, os entendimentos iniciais poderão ter desdobramentos outros.

Dificuldades

As restrições de aliados governistas à participação de liderados de Eunício na chapa proporcional, percebe-se, pela falta de nomes excepcionais como candidatos a deputado, quer federal ou estadual, com capacidade de conquistarem votações surpreendentes capazes de tomar lugares dos menos votados, ser consequências da manifestação de Ciro Gomes, aqui reportada no último sábado. Ciro, Cid ou nenhum outro próximo a eles lembrou as questões políticas de Sobral, berço dos Ferreira Gomes, onde está um dos mais próximos liderados de Eunício, o deputado federal Moses Rodrigues, adversário e inimigo de Ciro e Cid, cuja reeleição não parece ser das mais fáceis. Este deputado também é um complicador para o ajuntamento.

O MDB, no Ceará, foi um dos partidos que mais perderam quadros com a "Janela Partidária". Saíram dele os deputados federais Aníbal Gomes e Vitor Valim, assim como os estaduais Audic Mota e Silvana Oliveira, causando espécie a setores da política local em razão da posição de Eunício Oliveira, presidente do Congresso Nacional, com portas abertas em todo o Governo Federal, boa cota de emendas parlamentares e influência na distribuição de recursos do Fundo Partidário, ainda mais sendo ele o presidente estadual da sigla. Hoje, no Ceará, o partido do presidente Michel Temer está menor do que saiu da disputa de 2014.

As manifestações de Ciro Gomes, tornadas públicas no sábado passado, sobre o seu desagrado com uma possível aliança entre o governador Camilo Santana e o senador Eunício Oliveira, permitindo a este participar da chapa majoritária tentando reeleger-se, abalaram alguns governistas, segundo os quais o chefe do Executivo avançou nas conversações com o senador até estimulado pelo próprio presidenciável cearense. Ciro confirma, pois o Ceará precisava de recursos federais e Eunício, na posição que ocupa, teria condição de ajudar, como de fato o fez.

Mas o pedetista não afiança a aliança. Para ele, o fato de Camilo estar registrando publicamente a ajuda de Eunício na busca de liberação de recursos para o Estado já recompensa o senador, moralmente obrigado a ajudar a administração estadual junto à esfera federal, pois para isso foi eleito senador, e só por isso é presidente do Congresso Nacional. Camilo, assim, no entender de Ciro, não tem obrigação de colocar na sua chapa majoritária, o adversário dele em 2014.

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