Demandas de aliados são desafios ao Governo

Com um arco de aliança robusto, governador busca atender a pedidos e reclamações de lideranças no Estado

Escrito por Redação ,
Legenda: O presidente do PT, Francisco de Assis Diniz, acredita que, para além da Segurança Pública, não há outra pauta que cause desgaste para o Governo
Foto: Foto: José Leomar

Apesar de ter atraído para a base aliada o maior número de partidos, prefeituras e parlamentares do Estado, o governador Camilo Santana tem pela frente o desafio de manter a bancada unida em torno de seu projeto político. De acordo com lideranças entrevistadas pelo Diário do Nordeste, com o grupo cada vez mais robusto, os aliados tendem a demandar ações do Governo, que vão desde solicitações de serviços em suas bases até reclamações de "invasões" em seus colégios eleitorais, como já vem sendo explicitado por aliados.

No entanto, lideranças afirmam que a tendência é que o número de partidos e prefeitos que apoiarão a reeleição de Camilo cresça nos próximos meses. Isso porque as indefinições da oposição e até mesmo a dificuldade da bancada para encontrar um nome de peso para a disputa podem favorecer o governador. Disputas e demandas locais terão que ser equacionadas por meio de mais diálogo e busca de consenso entre as partes.

O presidente do PT no Ceará, Francisco de Assis Diniz, avalia que outras duas ou três legendas, para além daquelas praticamente fechadas com o governador, devem se alinhar com a base antes do pleito de outubro. No que diz respeito às prefeituras, esse número pode ser maior. Ontem, o Diário do Nordeste havia publicado que o Governo projeta, hoje, que o arco de aliança de Camilo já conte com 21 siglas.

"O número de partidos apoiando o governador pode ter leve ascensão, crescer mais uns dois ou três. O número de prefeituras vai crescer muito mais. Quanto mais frágil e vulnerável esteja a situação da oposição por indefinição e questões políticas, a tendência é que haja deslocamento para que outros possam se aproximar", disse o dirigente.

Segundo ele, porém, é preciso "trabalhar com humildade para que as coisas se definam". De Assis ressaltou ainda ser necessário ter "bom senso" para a manutenção dos grupos e trabalhar com respeito às especificidades de cada cidade. "Em grande maioria, oposição e situação locais estarão trabalhando de forma unificada em torno da candidatura ao Governo. Temos que trabalhar para não degringolar".

Violência

Dirigentes ouvidos pelo Diário destacaram ainda que, para além da Segurança Pública, não existe, até o momento, qualquer pauta que venha causar maior desgaste para o Governo. "O Camilo tem muitas atitudes positivas e a avaliação dele é super positiva", argumentou De Assis.

Presidente do PDT, André Figueiredo disse que um dos desafios da base deve ser a composição das coligações em nível proporcional, visto que alguns partidos pretendem ir sozinhos à disputa para deputado estadual e querem se coligar para federal, como PT e PCdoB. Segundo ele, para a sigla pedetista, contudo, a maior dificuldade é aceitar a composição de chapa com "partidos que representam o que tem de pior na política, como o próprio MDB, que quer vir para uma base da qual nunca fez parte".

Figueiredo defendeu que as legendas tenham "tranquilidade para evitar falta de sinergia". Quanto aos impasses, ele ressaltou que o governador saberá resolver qualquer problema em prol de sua coligação.

Deputados estaduais, por sua vez, destacaram que a tendência é que o número de aliados de Camilo aumente devido a falta de nomes na oposição. Segundo eles, não se trata apenas de encontrar um nome viável para a disputa, mas ter toda uma estrutura com condições de disputar o cargo de governador.

Eles afirmaram ainda que há prefeitos do MDB que já anunciaram apoio aos nomes de Camilo para o Governo do Estado e de Eunício Oliveira para o Senado, assim como gestores do PSD, que faz oposição ao Governo na Assembleia. "Alguns prefeitos do PSD já declararam que vão votar com o governador Camilo. A tendência é aumentar mais o número de prefeitos", afirmou o deputado Julinho (PDT).

De acordo com ele, é natural que, em alguns municípios, tanto a situação quanto a oposição apoiem o governador. "O Camilo tem assessores, chefe de gabinete, o chefe da Casa Civil, que vão trabalhar em busca da harmonia política". Em 2017, alguns aliados até espernearam contra a gestão, uma vez que secretários estariam "invadindo" suas bases eleitorais. No entanto, isso foi minimizado após diálogo do chefe do Executivo com gestores e parlamentares.

Camilo Santana já informou ao Diário do Nordeste que os secretários que tenham interesse de disputar um cargo público em 2018 só vão se desincompatibilizar dos cargos no prazo eleitoral previsto. "Não existe eleição fácil, mas o governador está caminhando para que possamos dar continuidade ao projeto que ele está capitaneando hoje".

Oposição

Alguns parlamentares atestaram ainda que, mesmo que alguns partidos fechem questão com a oposição, os filiados não necessariamente vão votar em candidato oposicionista. Eles destacaram que há vereadores, prefeitos, vice-prefeitos e lideranças locais no PSDB, PSDC, PSL e PTC, por exemplo, que já declararam voto em Camilo.

Para o vice-líder do Governo na Assembleia, deputado Leonardo Pinheiro (PP), o apoio dado pelas siglas cearenses reflete o reconhecimento da capacidade de trabalho do governador e o esforço de cumprimento dos compromissos assumidos. Segundo ele, entretanto, será necessária muita coerência para administrar uma base aliada tão larga. "No geral, dará para conciliar os interesses da maioria. Penso que a tendência é o Camilo não ter maiores dificuldades em sua reeleição", argumentou.

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