Críticas de políticos não se convertem em mudanças

Escrito por Redação ,

As recentes mudanças "de lado" na política estadual motivaram críticas até mesmo no meio político. Na Assembleia Legislativa, por exemplo, membros da base governista admitiram surpresa com o retorno de ex-adversários ao arco de aliança do governador, enquanto deputados da oposição fizeram até protestos em plenário. Roberto Mesquita (PROS) e Ely Aguiar (PSDC) chegaram a levar óleo de peroba para chamar, na tribuna da Casa, alguns políticos de "caras de pau". Heitor Férrer (SD), que segue na oposição mesmo com o partido na base aliada, levou uma flanela para "polir" as caras de pau de lideranças.

Clésio Arruda, professor da Unifor, porém, vê críticas que partem de alguns políticos como "demagógicas", já que não se convertem em mobilização para que tais práticas sejam superadas. "É um grande jogo de cena político, porque fazem a crítica, mas estão mantendo o mesmo comportamento", coloca. O professor José Roberto Siebra, da Urca, por sua vez, lembra que "a política é, antes de tudo, um grande palco. E os atores se revezam de acordo com duas coisas: com o público, que é importante, fundamental, mas também de acordo com o enredo".

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O público, aliás, é apontado como preocupação por políticos, que temem resposta negativa do eleitorado a alguns acordos eleitorais. Para os analistas políticos, porém, é difícil projetar efeitos que tais práticas podem ter nas urnas. "Tem uma fatia do eleitorado que se sente impactada por isso e poderá reagir, mas certamente não é tão grande, não é a que decide eleição, principalmente quanto o desequilíbrio está muito grande", cita Rui Martinho, da UFC.

Já José Roberto Siebra afirma que, sem mudanças no sistema político, práticas da classe política são naturalizadas por parte da população. "O 'grosso' do eleitor naturalizou essas práticas. Agora, quero chamar atenção a uma coisa: o grande fenômeno dessa eleição é que, independentemente de qualquer coisa, o eleitor está de saco cheio, então acredito que vamos ter o protesto do eleitor na abstenção e no voto nulo", conclui o docente.

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